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Bullying e Responsabilidade


Nos últimos meses temos lido e visto nos meios de comunicação a discussão sobre o aumento do bullying nas escolas. Preocupa a todos este tema: família, alunos (as) vítimas, professores e gestores da educação.

A questão é: como tratar este problema que acontece nas escolas, mas tem sua origem na formação do caráter do indivíduo? A culpa é da família, responsável pela educação das crianças desde seu nascimento? A escola deve assumir o compromisso de corrigir falhas de caráter dos alunos ou conduzi-los à reflexão de suas ações? A responsabilidade é de toda a sociedade.

Vivemos numa época que impõe um ritmo acelerado, de exclusão social, de urgências e de competição. Existe uma supervalorização daquele que pode mais, que tem mais, que não se intimida, não se acovarda diante das situações do cotidiano. Os menos favorecidos, menos vistos, mais tímidos e menos ambiciosos são menosprezados e discriminados.

A família, tentando se adaptar a esta modernidade excluiu ou deixou de lado compromissos fundamentais na formação de seus descendentes. Quando uma família se constitui ou pensa em se constituir, deveria primeiro olhar para seus valores, sua constituição moral e ética e refletir sobre a formação que passará para as futuras gerações. Somos seres que atribuem valores a tudo e a todos, mas estes valores podem ser positivos ou negativos diante da coletividade em que vivemos e somos obrigados a viver. Podemos definir valores de respeito, responsabilidade e justiça ou podemos valorizar o poder, o ganho fácil, a vitória independente de outro ser humano.

Estes valores são ensinados aos filhos em palavras, mas muito mais em ações, em atitudes. Não adianta um pai ensinar ao filho que deve ser honesto, não pegar o brinquedo do coleguinha na escola se a criança vê o pai se vangloriando porque o caixa do supermercado se enganou na hora do troco e devolveu dinheiro a mais. A atitude ensina mais que as palavras. Esta atitude será internalizada pela criança que num futuro próximo se autorizará a repeti-lo, talvez aumentando as proporções.

Uma criança, um adolescente que se acha no direito de ridicularizar outra pessoa, chegando às vezes, a machucar fisicamente o outro aprendeu ao longo da vida que o que importa é a sua vontade, o seu desejo e que o outro é só o outro. A excessiva permissividade e falta de limites que os adultos que educam dão a uma criança formará um indivíduo que não sabe ouvir um não sem fazer um escândalo no supermercado, na loja de brinquedos, numa festa ou no trânsito.

Ensinar e principalmente vivenciar valores positivos e coletivos são fundamentais na formação do caráter de uma criança e/ou adolescente. Compreender, desde pequeno, pela atitude da família que todos, independente de raça, gênero e classe social, são importantes e merecem respeito ensinará valores que formarão um caráter positivo.

A escola, lugar em que o bullying é mais frequente precisa ter projetos que integrem os alunos, levem-nos à reflexão, torne-os responsáveis pela coletividade. É preciso construir regras de convivência que incluam e valorizem todos os sujeitos da ação educativa: alunos, funcionários, professores, família e gestores.

Ninguém deve ser responsabilizado pelo bullying individualmente, mas todos devem se comprometer em minimizar esta atitude e se responsabilizar pela educação e formação de cada criança e adolescente. A orfandade implica a não responsabilização e o aumento de atitudes criminosas, como o bullying e o sofrimento de pessoas incapazes de se defender.

O Espaço Dom Quixote se preocupa com o bullying e oferece espaço para a discussão deste assunto!


Psicopedagoga do Espaço dom Quixote

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