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Módulo "O corpo na aprendizagem"


O desenvolvimento da fala



Sugiro a leitura deste texto que traz pontos importante sobre o desenvolvimento da linguagem e fala das crianças e ainda esclarece algumas dúvidas!

Trocar letras e gaguejar é comum até certa idade na infância 

Fonoaudióloga Solange Dorfmann

A fala é a concretização de um processo que começou desde os cinco meses de vida intrauterina, quando a cóclea, principal responsável pela audição, se forma. A criança recebe estímulos desde então, por meio dos batimentos cardíacos da mãe, da voz dela e de pessoas próximas. O processo de maturação auditiva, essencial para o aprendizado da comunicação oral, se desenvolve intensamente até os sete anos de idade. 

Quando observamos uma criança que ouve normalmente e demora mais de dois anos para falar as primeiras palavras, temos que analisar se ela não se comunica, se ela usa gestos comunicativos, se interage, se tem condições anatômicas íntegras do sistema sensório motor oral, entre outras. Uma demora a falar pode ter como causa pouca estimulação, como no caso de crianças que ficam com mães ou babás que falam pouco e não vão a escola nem tem irmãos, etc. Pode ser porque a família é bilíngue e ela tenha que processar duas línguas, ou então ela pode ser portadora de deficiência intelectual, motora. Cada caso é um caso. 

Trocar as letras é normal? 
Ao iniciar a fala, algumas crianças podem confundir fonemas parecidos, como o "pê" e o "bê". A discriminação desses sons é um refinamento do processo auditivo que pode vir a maturar até o sexto ano de vida, mas é desejável que até os cinco anos já esteja estabilizado devido ao processo de aletramento. A maior parte das crianças já fala corretamente nessa idade. Algumas demoram mais nesse processo e podem vir a ter complicações escolares. Uma minoria ainda carrega essa dificuldade até a vida adulta, devendo receber o acompanhamento adequado. 

E se a criança gaguejar? 
Por mais que seja normal a criança trocar algumas letras durante o processo de aprendizado, é importante que os pais a corrijam quando ela se equivocar Durante o processo de desenvolvimento de linguagem é normal um período de disfluência fisiológica, que ocorre geralmente entre três e quatro anos. Nesse período a criança está processando diversas informações, como os sons que precisam ser emitidos, os significados, o sentido. 

Essa fala disfluente, entretanto, caracteriza-se pelas repetições e hesitações, normalmente sem esforços ou bloqueios presentes na gagueira. Os pais podem contribuir aceitando e valorizando os esforços dos pequenos, promovendo momentos comunicativos significativos e jogos verbais. Contar estórias, narrar acontecimentos diários, jogos simples como procurar objetos que começam com uma letra específica naquele ambiente, jogos de significados como: "O que compramos na feira?", "que objetos usamos na pracinha?", ou "o que rima com..." são indicados. 

Uso dos gestos para se comunicar 
Algumas crianças, já em idade de falar, podem preferir se comunicar por meio de gestos, apontando objetos que ela quer pegar ou fazendo sinais de sim e não com a cabeça. Nesse caso, se a deficiência auditiva estiver descartada, a indicação é que se estimule a produção oral de criança, não "aceitando" apenas gestos indicativos. Assim os pais, mesmo sabendo o que a criança quer, devem verbalizar a pergunta. Um exemplo, se a criança aponta para um filtro, o pai pergunta: "Você quer o que? Água?" e valoriza as emissões mesmo que de parte das palavras. 

Uma dica é retirar os objetos e brinquedos do alcance para ela ter que pedir. O gesto indicativo (apontar) é uma forma de comunicação bastante primitiva, mas se a criança passa a fazer gestos simbólicos, como uma gesticulação que indique estar bebendo água, já é um avanço com relação ao simples apontar. 

Corrija se ela disser algo errado
Por mais que seja normal a criança trocar algumas letras durante o processo de aprendizado, é importante que os pais não se adaptem ao vocabulário da criança e a corrijam quando ela se equivocar, mas sempre de forma positiva, oferecendo na fala o modelo adequado. Se ela fala "tadeira", por exemplo, a mãe pode falar, "você sentou na cadeira?", "essa cadeira é alta/baixa'... E por aí vai. Isso é melhor do que repetir o padrão errado numa critica ou represália, dizendo coisas como "não é uma tadeira!", mesmo porque a criança não tem culpa de falar errado. Ela é apenas imatura, foi pouco/mal estimulada ou apresenta alterações diversas como as já descritas. 

Causas comuns de alteração da fala
Além de deformidades da cavidade oral, os fatores que ocasionam alterações de fala podem ser também hábitos alimentares, hábitos deletérios (sucção digital ou de chupeta), respiração oral, falta de estimulação, traumas emocionais, modelos inadequados, deficiência auditiva ou mental, entre outros. 

Se você perceber que o seu filho está demorando muito para falar ou possui algum tipo de alteração suspeita da fala, procure um fonoaudiólogo.

Texto retirado de:


Fernanda Helena Kley - fernandafono@espacodomquixote.com.br
Fonoaudióloga do Espaço Dom Quixote
Pós-graduada em Neuropsicologia UFRGS

O sintoma na infância



A infância é repleta de sintomas. Fase que borbulha descobertas, em que a pequena criança começa a se aventurar por um universo de possibilidades para além daquele espaço em torno de si e do corpo da mãe. Mesmo quando tudo “vai bem”, os sintomas aparecem, são aqueles chamados estruturais - necessários, digamos assim, para que a criança possa neles sustentar seu crescimento. Aqui não falamos, então, de sofrimento psíquico, mas sim dos sintomas do desenvolvimento (que são para todos), frente à demanda do Outro. 

Segundo Mannoni (1987), o sintoma vem no lugar de uma palavra que falta ou como uma máscara ou palavra cifrada. 

O fantasma, isto é, o sintoma, aparece como um véu, cuja função é esconder o texto original ou o acontecimento perturbador. Enquanto o sujeito permanece alienado em seu fantasma, desordem se faz sentir ao nível do imaginário: é para Hans a sua fobia de cavalos; para o homem dos lobos, suas fobias e finalmente sua alienação nesse corpo fantasmado. O sintoma, como mostra Freud, inclui sempre o indivíduo e o Outro. (Mannoni, 1987, p. 38) 

Para Freud (1926), um sintoma (pensando-se em sofrimento), é um sinal e um substituto de uma satisfação instintual que permaneceu em estado jacente; é uma consequência do processo de repressão. A repressão se processa a partir do ego quando este – pode ser por ordem do superego - se recusa a associar-se com uma catexia instintual que foi provocada no id. O ego é capaz, então, por meio de repressão, de conservar a ideia que é o veículo do impulso repreensível a partir do tornar-se consciente. A análise revela que a ideia amiúde persiste como uma formação inconsciente. 

Em contraponto a isso, podemos pensar no desenvolvimento infantil, e nas crianças bem pequenas e seus medos, algo que lhes toma intensamente e que muitas vezes os impossibilita de realizar ou finalizar alguma atividade: um passeio com a intenção de “conhecer” o Papai Noel, mas que a criança paralisa a alguns passos de seu objetivo; ou ainda todo imaginário em torno de um quarto escuro e os monstros e bruxas que ali podem habitar. Existem ainda os amigos imaginários, que os possibilitam pensar (idealizar) e vivenciar como gostariam que suas relações se dessem no real. Enfim, a lista é bastante extensa, e está toda a serviço dessa árdua tarefa que é crescer e se constituir um sujeito. 

Segundo Corso (2005), infância e monstros andam juntos. Tais monstros comparecem ao chamado delas, mas a questão é discernir quando eles vêm para ajudá-las, das vezes em que o susto é fonte de sofrimento. Segundo o autor, muitas vezes eles estão a serviço de ajudá-las no processo de crescimento, na medida em que catalisam a angústia difusa da criança, permitindo a transição da vigília para o sono. Pode parecer ruim, mas é melhor sentir medo de alguma coisa específica, que tem até nome (por exemplo, a “Cuca”), do que angústia. 

“O medo é algo que se pode controlar, sabemos onde está, já a angústia não tem contornos, está em toda parte e ninguém pode nos ajudar. Seria muito pior ficar olhando a escuridão sem poder supor o que ela esconde, sabe por que? Porque no escuro ou ao adormecer os pequenos (e as vezes os grandes) perdem-se de seus contornos pessoais, sentem-se diluídos, inexistentes, dá vertigem, medo de morrer. Se o monstro está em baixo da cama, ou é nomeado pela cantiga de ninar, então a mãe, esse ser gigantesco e poderoso, que faz dos bebês o que quer, não é a encarnação do monstro. Paradoxalmente, nesse momento o monstro ajuda a criança a acalmar-se para adormecer.” (Corso, 2005; p. 2) 

Referências bibliograficas: 
CORSO, Mario. “Cada criança tem seu monstro da guarda”. Publicado no Jornal Zero Hora, Caderno Meu Filho – 2005. 
FREUD, Sigmund. “Inibições, sintomas e ansiedade”. 1926 in Obras Completas. MANNONI, Maud. “A criança sua “doença” e os outros”. Tradução A. C. Villaça – 3ª edição – Rio de Janeiro; Guanabara, 1987.


Janaína Carloto - janainapsico@espacodomquixote.com.br
Psicóloga do Espaço Dom Quixote

Módulo TDAH


O poder da Quinoa



A quinoa, ainda muito pouco conhecida, é um alimento de alto valor biólogico e foi considerada pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) “o alimento completo” por possuir os 16 aminoácidos que não são produzidos pelo nosso organismo de extrema importância para o corpo humano. 

Além disso, possui uma grande concentração de proteínas, ferro, zinco, magnésio, manganês e potássio, vitamina B1, B2, B3, D e E. Possui propriedade cicatrizante, analgésica e anti-inflamatória.

Por ser rica em proteínas, a quinoa ajuda no fortalecimento muscular, principalmente para quem pratica atividades físicas. Suas quantidades significativas de ômega 3 e 6 são importantes aliados na prevenção de doenças cardiovasculares e redução do colesterol. Ela também é rica em cálcio prevenindo a osteoporose, e ótima para as crianças por estarem em fase de crescimento. 

As vitaminas do complexo B presentes na quinoa são parte essencial para o bom funcionamento do sistema nervoso, manutenção muscular e síntese de hormônios. Além disso, as fibras presentes no grão auxiliam o bom funcionamento do intestino e dão a sensação de saciedade, podendo favorecer o emagrecimento. 

Por não conter glúten, é altamente indicado aos celíacos. 

A quinoa pode ser encontrada em grãos, flocos e farinha, pode ser adicionada a sucos, sopas, no arroz, feijão. Flocos podem ser utilizados no lugar da aveia, flocos de arroz, cereal matinal (granola), adicionado em salada de frutas, saladas salgadas, etc. 

Pode ser encontrada nos supermercados ou casas de produtos naturais. 


Cristine Cassel - cristinenutri@espacodomquixote.com.br 
Nutricionista do Espaço Dom Quixote

Módulo de Transtornos de Personalidade


Cama elástica pode ajudar pessoas com autismo



Segue uma reportagem bem legal sobre o uso da cama elástica com autistas. 

Muitas pessoas acham que a cama elástica é utilizada só para pular. Porém ela beneficia muito na percepção do seu próprio corpo, na postura, no equilíbrio, fortalece a musculatura e ajuda a relaxar muito! 

Acessem através do link: 
http://camaselasticas.blog.br/2013/08/05/cama-elastica-pode-ajudar-pessoas-com-autismo/

Letícia Salin - leticiafisio@espacodomquixote.com.br
Fisioterapeuta do Espaço Dom Quixote
Pós-graduanda em Traumato Ortopedia - Universidade Gama Filho (RJ)

Crianças francesas não fazem manha



Para muitos pais educar os filhos é uma tarefa estressante. Crianças não vêm com manual para conhecermos suas necessidades, dores e técnicas de cuidado e manejo adequados. Pensar no futuro deles, o que os espera, se estarão preparados, qual a melhor escola, amigos adequados, são muitas as dúvidas que assolam os pensamentos dos pais, principalmente os de primeira viagem. 

A maneira de educar as crianças é influenciada pelas tradições familiares, pela cultura da sociedade, pelas ideias de especialistas e médicos. Isso tudo é muita informação para que os pais tomem suas próprias decisões sem medo de errar ou “estragar” os filhos. 

A comparação entre as maneiras de ver e educar as crianças chegou à observação da cultura norte-americana e francesa de educação e rendeu alguns filmes e livros que tratam deste assunto. 

Comprei o livro que dá título a este texto e achei interessantes algumas colocações feitas pela escritora, uma americana, residente em Paris e observadora dos costumes franceses de educar os filhos. Ela mesma mãe de 3 crianças e que percebia a diferença nos costumes e maneira de tratar as crianças entre as duas sociedades. 

Logo no início do livro ela comenta da superproteção dos filhos e de como é importante prestar mais atenção à educação das crianças, do que pode ser bom para elas realmente e não se antecipar. O modelo de educação americano recomenda que as crianças sejam muito estimuladas, que sejam iniciadas nas artes, nos esportes, na escolarização cada vez mais cedo para que estejam preparadas no mundo competitivo em que vivemos e não se frustrem por não terem condições de superar outros. Esta é uma educação exaustiva e estressante na qual as crianças são expostas e acabam por mostrar um comportamento estressado e inquieto, tão prejudicial e incômodo. 

Observando a maneira da educação francesa, a escritora diz que todo mundo mais ou menos usa as regras básicas sem perceber. Os pais parisienses são zelosos quanto a conversar com os filhos, mostram a natureza a eles e leem muitos livros. Eles os levam para aulas de tênis, de pintura, e museus interativos de ciências. Os franceses conseguem ser envolvidos sem ser obcecados pelos filhos. Eles acham que mesmo os bons pais não estão a serviço constante dos filhos e que não há necessidade de sentir culpa por isso

Eles querem que os filhos sejam estimulados, mas não o tempo todo. Eles querem que as crianças ajam como crianças, que brinquem, que tenham tempo livre ao invés de estarem inscritos em todos os cursinhos e escolinhas para estimular sua inteligência e melhorar seu desempenho em alguma coisa. 

Parece que a maneira francesa de criar e educar os filhos, é menos estressante e cheia de compromissos que a maneira americana. Será esta uma educação mais feliz e bem-sucedida? 

A escritora Pamela Druckerman segue observando e pesquisando os hábitos franceses à medida que vai se inserindo na cultura e rotina parisienses. A entrada da filha na escola e a convivência com as famílias francesas ajudam a compreender como as crianças são tratadas, educadas e incentivadas a serem adultos tranquilos, felizes e adequados nas diferentes situações que se lhes apresenta a vida. 

Escolher a melhor educação para os filhos não é tarefa fácil, principalmente nos dias de hoje onde tantas teorias, ensinamentos e costumes são questionados. Esta análise do livro segue em outros textos, mas o mais importante é amar de forma incondicional seus filhos e isto não significa sem dar limites, sem prepará-los para a vida, mas observando o que realmente as crianças precisam, não antecipar suas necessidades.


Janete Cristiane Petry - janetepp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagogia do Espaço Dom Quixote

"Paidrastos" (e "mãedrastas")



O Dia dos Pais já passou, mas ainda indico a leitura de um texto de Contardo Calligaris (retirado da Folha de São Paulo) que trata sobre o lugar dos padrastros. 

"Paidrastos" (e "mãedrastas") 

Não encontrei uma estatística que me dissesse quantas famílias, no Brasil, vivem com filhos de casamentos anteriores de um dos pais ou de ambos (talvez um leitor sociólogo possa me ajudar). 

Mas é fácil constatar que muitas famílias são hoje compostas de pais, filhos e, como se expressou uma vez um de meus enteados, de "paidrastos" e "mãedrastas". O tema, claro, mereceria mais do que estas pequenas notas. 

Sobre as madrastas, só o essencial: o homem que tem filhos de um casamento anterior acredita cegamente que sua nova mulher os amará como se fossem filhos dela (ser mãe, para uma mulher, seria um instinto irresistível). O pai de Cinderela, mesmo vivo, não se daria conta de que sua filha era a rival detestada e perseguida pela sua nova mulher e pelas suas enteadas. 

Ora, com várias exceções (claro), para a nova mulher, os filhos do casamento anterior do marido são rivais, irmãozinhos metidos que disputam com ela o amor do "pai" comum --isso vale especialmente quando ela tem filhos de um casamento anterior ou planeja ter mais filhos no novo casamento. 

Mas vamos aos padrastos, que são o nosso tema do dia. 

1) Apesar dos testes de DNA, ser pai continua sendo uma questão mais simbólica que real, ou seja, o pai ainda é aquele que a mãe indica como pai. Uma consequência disso é que os homens são perfeitamente capazes de se esquecer de seus filhos depois de uma separação (a não ser que a mulher continue lhes repetindo, noite e dia, que eles são os pais das ditas crianças). 

Por essa mesma razão, os homens são facilmente padrastos atenciosos - basta que a nova mulher lhes atribua essa função. Agora, por serem "atenciosos", eles não são menos precários: como acontece no caso dos próprios filhos, o laço do homem com seus enteados é subordinado ao laço com a mulher que é mãe deles. Em outras palavras, se o padrasto se separar da nova mulher, dificilmente ele manterá uma relação com os enteados, mesmo que eles tenham se criado com ele durante anos. 

Triste? Talvez. Mas já imaginou a complicação no caso de vários casamentos sucessivos? Que tal um almoço de Dia dos Pais com pai, padrasto 1, padrasto 2 e padrasto 3? 

2) Disse que os homens são facilmente padrastos atenciosos. Justamente, aqui surge um problema: ao redor da educação dos enteados, o padrasto quase sempre descobre que há, entre ele e sua nova mulher, diferenças de valores --que só aparecem na hora de cada um mostrar seus dotes pedagógicos. No eventual conflito, o padrasto está, de fato, quase impotente. 

Primeiro, se ele quiser impor regras, a nova mulher entenderá isso como análogo ao que ela mesma gostaria de fazer com os filhos do casamento anterior do marido --ou seja, ela achará que o marido usa uma severidade seletiva, que ele nunca aplicaria aos seus próprios filhos. 

Segundo, educar implica correr o risco de ser detestado --risco que um pai deve correr sem hesitação; mas o padrasto precisa e quer conquistar a simpatia dos enteados, sob pena de ouvir o fatídico: "Você não é meu pai!". 

3) Os enteados não são anjos. Num primeiro momento, todos eles podem festejar a recomposição de um quadro familiar, seja ele qual for. Logo, os meninos tendem a se tornar paladinos da honra materna e paterna (como é que a mãe se interessa por outro homem que não seja eu? Quem é este cara que quer ocupar o lugar do meu pai?). 

Quanto às meninas, elas oscilam entre três caminhos: lamentam que a mãe, e não elas, conquiste todos esses homens; receiam que, aceitando o padrasto, elas trairiam o pai e seriam desamadas por ele; enfim, bem mais do que os meninos, elas não querem compartilhar a mãe com ninguém. 

A experiência do divórcio dos pais criou jovens interessantes. A sensação de que eles não foram uma razão suficiente para que os pais ficassem juntos produziu, em alguns, uma insegurança doentia para a vida toda, mas, em outros, deixou um fundo de sabedoria melancólica que resiste bravamente às ideias narcisistas mais estupidamente grandiosas. 

Quanto às complexidades da vida numa segunda ou terceira família, está na hora de considerar suas consequências para as crianças e os adultos que delas virão. 

Contardo Calligaris é psicanalista e colunista da Folha de São Paulo


Thais C. Chies - thaispsico@espacodomquixote.com.br
Psicóloga do Espaço Dom Quixote