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Intervenção Fonoaudiológica no Autismo



A perturbação autística apresenta comprometimento do desenvolvimento da linguagem expressiva, déficit na sintonia emocional e comportamento estereotipado e limitado. Esses aspectos já são percebidos antes dos três anos de idade e consequentemente afetam de modo geral a interação social. 

Nos dias atuais, a detecção do diagnóstico do autismo vem tomando conscientização, sendo descoberto nas idades iniciais e ocorrendo intervenção já após o diagnóstico. 

A intervenção nesta patologia deve ser adequada de acordo com as necessidades de cada criança, sendo de total relevância a compreensão dos componentes farmacológicos, comportamentais, educacionais e psicológicos. 

É imprescindível a intervenção precoce na estimulação da linguagem em crianças com autismo, sendo que o prognóstico desta é mais forte dos resultados no autismo, mesmo acontecendo ao longo prazo. 

O sintoma do autismo que os pais identificam inicialmente em seus filhos é o atraso/desenvolvimento atípico ou ausência total da linguagem. Esses déficits são evidentes tanto no nível da compreensão que abrange o processamento da informação verbal e não verbal, como na expressão, que são representados através de gestos, palavras, etc. Como há crianças autistas que apresentam ausência total da linguagem, há aqueles que apresentam o desenvolvimento da linguagem, no entanto essas em geral apresentam palavras isoladas ou inventadas, ecolalia, a fala parece vazia, repetitiva e sem contexto social. De uma forma geral, essas crianças tem uma grande dificuldade na capacidade de usar a linguagem como forma de comunicação. Os prejuízos dos domínios linguísticos afetam a semântica, pragmática, morfologia, sintática e fonológica. Tais alterações linguísticas confirmam a importância da atuação fonoaudiológica no trato dos pacientes com diagnóstico de autismo. 

Na infância é o momento essencial para o desenvolvimento das competências linguísticas, e a intervenção fonoaudiológica vem com intuito de estimular a criança com autismo a construir interações significativas para sua comunicação. Na atualidade existem uma série de propostas de intervenção terapêuticas da fala, mas cabe analisar o desenvolvimento e capacidade cognitiva de cada criança para que a escolha no modelo seja efetiva para prognóstico de cada paciente.



Bruna Martins Teixeira - brunafono@espacodomquixote.com.br
Fonoaudióloga do Espaço Dom Quixote

Diagnóstico e Intervenção em TEA


Saber esperar!



Quando vou a algum evento social, onde adultos e crianças precisam compartilhar um tempo no mesmo espaço, gosto de observar o comportamento das crianças. 

Após um período inicial de curiosidade e exploração do espaço e das pessoas que ali se encontram, se a criança não tiver um divertimento infantil, vai se estressar e estressar os adultos. Carregar crianças para um evento adulto e querer que eles tenham um comportamento elegante é exigir muito da paciência dos pequenos. 

Mas, o que percebo, é que muitas crianças não preenchem o tempo de exploração inicial e logo iniciam um processo de aborrecimento e chateação própria e da paciência dos adultos. Sim, porque muitos pais parecem não se importar com a manha, choramingos, cara feia e reclamações constantes. Ignoram as crianças e permitem que este comportamento inadequado se estenda e perturbe o convívio social dos demais. 

Este comportamento de exasperação infantil acontece em encontros familiares, espaços públicos como restaurantes, parques, praia, ... Percebo que as crianças não tem mais paciência para esperar por nada, querem tudo do seu jeito e na sua hora. 

Os franceses, segundo o livro “Crianças francesas não fazem manha", parecem coletivamente ter atingido o milagre de fazer bebês e crianças pequenas não apenas esperarem, mas fazerem isso com alegria

Dentre outras habilidades, os que sabem esperar são melhores em concentração, argumentação e não tendem a ruir em condições estressantes

Ter filhos que sabem esperar torna a vida familiar mais agradável. Possibilita fazer atividades em grupo, conhecer espaços públicos interessantes e manter o convívio social, mesmo após o nascimento dos filhos. 

É importante proporcionar às crianças atividades culturais, de enriquecimento, como a música, arte, teatro, museus. Mas as crianças não conseguem absorver essas experiências se não tiverem paciência e autocontrole ao invés de estarem ansiosos, irritados e exigindo coisas o tempo todo. Desenvolver a paciência possibilita que a criança desenvolva recursos internos para lidar com a frustração. 

Para desenvolver a paciência é preciso desenvolver a criatividade para poder divertir-se enquanto espera. É importante que saibam brincar sozinhos: “A coisa mais importante é que aprendam a ser felizes sozinhos.” 

Saber esperar enquanto leem um livro, montam um jogo, criam uma história são técnicas fáceis de desenvolver e ajudam as crianças a passar o tempo de forma mais tranquila. 

Nestes mesmos eventos sociais fico fascinada quando vejo crianças brincando sozinhas, fazendo novos amigos, observando curiosas por um tempo significativo algum bichinho que passa ao lado ou, mais impressionada, mantendo uma conversa com algum adulto ou outra criança. 

Pais que conseguem ajudar seus filhos a desenvolverem a paciência tem uma vida mais tranquila e a certeza de que enquanto os filhos crescem estão desenvolvendo habilidades fundamentais para um melhor convívio social.


Janete Cristiane Petry - janetepp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote

Fisioterapia em Neuropediatria: por que realizar?



A Fisioterapia é uma ciência da Saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações neurológicas, genéticas, traumáticas ou por doenças adquiridas. 

Suas principais funções são: melhorar a mobilidade, aliviar a dor, prevenir lesões e recuperar as funções não adquiridas e perdidas, utilizando de diversas técnicas. 

A Fisioterapia em Neuropediatria é o ramo da neurologia que se dedica ao estudo das doenças do desenvolvimento e maturação do sistema nervoso em crianças. Possui importância no controle de doenças com comprometimento neurológico. Quando ocorre uma lesão neurológica em uma criança, o fisioterapeuta analisa a sua motricidade e a sua funcionalidade através do seu desenvolvimento motor normal. Para realizar o tratamento de crianças com lesões neurológicas precisa-se conhecer o desenvolvimento motor normal (com todas as suas peculiaridades) para reconhecer o anormal. Assim, as etapas do desenvolvimento servem como guia no processo de diagnóstico e tratamento. 

A Fisioterapia tem um papel fundamental no processo de reabilitação neurológica, na medida em que interfere de modo decisivo nos aspectos motores, cognitivos e psicossociais. Atuando na inibição dos reflexos patológicos e primitivos persistentes, facilita assim o desenvolvimento gradual do controle motor postural. Portanto, realizando uma avaliação e acompanhamento adequado do comportamento anormal da criança, é possível aplicar um tratamento precoce proporcionando estímulos para recuperar e manter um padrão de sinergia motora próxima da normalidade que a ajude no seu desenvolvimento. O fisioterapeuta dispõe da possibilidade de proporcionar uma contribuição especial e inestimável às crianças que apresentam deficiência neurológica ou algum tipo de problema através do atendimento lúdico e terapêutico. 

As atividades lúdicas devem ocorrer de maneira intencional e planejada pelo fisioterapeuta durante os atendimentos, sendo um recurso que tem como finalidade facilitar ou conduzir aos objetivos estabelecidos. Embora para a criança a atividade lúdica possa ser considerada como brincar, busca-se o alcance dos objetivos estabelecidos durante a avaliação. Buscando integrar os objetivos fisioterápicos com atividades lúdicas e sociais, também levamos a criança a uma maior integração com sua família e a sociedade.


Letícia Salin - leticiafisio@espacodomquixote.com.br
Fisioterapeuta do Espaço Dom Quixote
Pós-graduanda em Traumato Ortopedia - Universidade Gama Filho (RJ)