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Anotações sobre clínica com adolescentes



Ultimamente, tenho me ocupado bastante da análise de adolescentes. Uma fase da vida de transição, de sair de uma posição infantil e dependência dos pais, pa ra construção de um adulto. 

Por isso, sugiro a leitura do texto de Diana Corso, Psicanalista e Escritora, para pensarmos e refletirmos na clínica com adolescentes.

Disponível em :http://www.marioedianacorso.com/anotacoes-sobre-clinica-com-adolescentes#more-219

"Quando se trata de adolescentes, é muito delicado saber alguma coisa, e isto não é demagógico, é fato. O efeito deste trabalho é de emburrecimento, enrolação, muitas vezes de ridículo, acompanhado de uma surpreendente efetividade terapêutica… 

Situações como passar meses conversando com um jovem sobre Vampiros, um jogo de RPG, sem dar-se conta de que ele, assim como os vampiros, já havia sido uma criança com graves restrições alimentares, muitas das quais ainda mantinha. Ou ainda: falar muito do comportamento ciumento de uma jovem sem pensar que ela não suportaria fácil uma relação dual, pois vivia só com sua mãe, em um vínculo bem abafado, e um terceiro é muito bem vindo. E o que é pior: quando me dá uma luz e finalmente consigo pensar ou dizer algo inteligente ao meu jovem paciente, algo que possa funcionar como instrumento para tornar uma repetição algo mais eloquente, o vampiro ou a ciumenta parecem não ficar muito emocionados com minha sabedoria, quando muito deixam-me enunciar minhas construções sem um aparente envolvimento com elas. Mas, surpreendentemente, seguem vindo entusiasticamente ao meu consultório, pontuais e assíduos, tendo na rotina da relação, uma seriedade que disfarçam em relação às palavras que ali são jogadas. 

Não é só o saber que está em jogo, é também a própria sustentação egóica do analista que faz questão. Se já não são poucas as vezes que um analista se pergunta sobre a efetividade de seu trabalho, especificamente com o adolescente a pergunta constante é: porque ele continua vindo! 

É preciso de uma vez por todas fazer um diferencial entre os muitos discursos jovens que vem a nossos consultórios e o discurso adolescente, estruturalmente falando. Pessoas colocando-se questões de fundo sobre sua vida, tendo absolutamente tudo por decidir existem aos montes. Os pacientes que precisam terminar de crescer, os que mantém um vínculo infantil com os pais, os que pensam em começar de novo, os que ainda nem começaram, os que vivem para amar e ser amados, os que atribuem aos outros a fonte de seus impasses, estes trazem questões adolescentes. Inclusive há aqueles que só trazem questões adolescentes, o que nos leva a ampliar e inclusive relativizar a questão das idades e pensar num discurso adolescente. 

Pensar a especificidade de uma clínica é basicamente decifrar uma particular articulação da transferência e a psicanálise com crianças auxilia um pouco neste impasse. Nunca vou esquecer um pré-puber que vinha ao meu consultório jogar Banco Imobiliário, passaram-se um, dois, três meses, ele melhorava a olhos vistos, os pais solicitavam uma conversa sobre o andamento do trabalho e eu…sentia que só jogava um jogo! 

Qualquer analista de crianças lerá isto com um riso nos lábios: não existe jogar só um jogo. Joga-se o jogo da transferência onde o menino em questão estava literalmente adorando enriquecer uma vez por semana jogando com uma parceira tão pouco esperta. Ele tentava ganhar o jogo, o que para ele era importante, enquanto eu tentava entender o que se passava, o que para mim era importante. Este desencontro útil para meu paciente, a mim deixou para sempre pensando sobre a inutilidade de tentar entender a transferência e as vantagens de deixar-se jogar seu jogo. 

Quando um adolescente quer falar sobre a diferença entre os diferentes tipos de Rock, ele não quer que eu banque a espertinha e tente ver o que está por trás do que diz, ele quer ser deixado falar sobre isso para jogar com as palavras. Que jogo? 

O jogo de experimentar hierarquizar o que é importante para si e para o mundo, o jogo de descobrir o quanto é importante para a família, os amigos, e o mundo em geral, o que ele pensa a respeito de algo. O adolescente comparece ao consultório do analista também para fazer musculação em seu discurso, deixá-lo forte, bonito e com contornos bem definidos. 

Não é um falar sobre qualquer coisa, por exemplo um jovem cujos pais, funcionários de banco, convivem constantemente com a frustração de não fazer algo mais nobre, a ver com o que estudaram, fala sobre um conjunto de Rock onde todos os membros são antropólogos e parecem fazer o que gostam do jeito que querem. O conjunto em questão ainda por cima tem o interessante nome de “Bad Religion”, um convite à reflexão sobre valores. 

Às vezes fico um pouco constrangida quando leio sobre o silêncio do adolescente e fico a me perguntar se meus pacientes não emudecem porque eu os impeço de fazê-lo. Provavelmente assim seja, porém preciso também justificar minha atitude de provocar a fala, de promover a conversa ativamente, seja perguntando, seja propiciando essa fala-jogo que parece matação de tempo. 

Rassial descreve a depressão adolescente como uma “autêntica questão sobre os fundamentos da existência e uma alavanca dinâmica para uma verdadeira cura”, algo que “não deve ser combatido, às vezes mesmo ser buscado” [1], concordo em gênero e número, e acrescento: algo a ser construído. 

O trabalho de construir um discurso adolescente, ou seja, elaborar com ele a possibilidade de uma crítica, que conserva as características típicas deste momento, em que o sujeito aparentemente não se implica, pois está acima da realidade. Essa posição discursiva é caracterizada como “intransigência moral” ou “idade ética” (Rassial), ou como aquela das “aspirações dos membros não-responsáveis que chacoalham a sociedade”, ou dos elementos da “imaturidade do adolescente, que contém as características mais fascinantes do pensamento criativo” (Winnicott). Trocando em miúdos trata-se da possibilidade de uma vista aérea sobre a vida. Busca-se uma visão geral que ajude a definir parâmetros, rumos, mas que é cronologicamente anterior ao “vivido”."

Publicado no “Correio da APPOA”, número 91, ano IX


Renata Lima - renatapsico@espacodomquixote.com.br
Psicóloga do Espaço Dom Quixote

Dormir vale ouro



Ao contrário do que muitas pessoas pensam, dormir não é perda de tempo. O sono é essencial para que ocorra a transferência das informações guardadas temporariamente durante o dia, para uma memória mais sofisticada e permanente. O momento, a quantidade e a qualidade do sono deve ser valorizado desde que nascemos. 

Recentemente, um estudo descobriu que horas de sono irregulares e a falta de uma rotina noturna podem atrapalhar o desenvolvimento saudável do cérebro em crianças bem novas. Cientistas da University College de Londres sugerem que a falta de rotina pode prejudicar o desenvolvimento ao interromper o relógio biológico, o que afeta a capacidade do cérebro de lembrar e aprender novas informações. Os resultados mostraram que os efeitos foram marcantes nas crianças com 3 anos de idade. 

"Se uma criança está tendo horas de dormir irregulares em uma idade jovem, elas não estão sintetizando toda a informação em torno delas nessa idade e tem mais dificuldade de fazer isso quando são mais velhas. Isso estabelece em um caminho mais difícil" disse a pesquisadora Amanda Sacker. 

As meninas que nunca tiveram hora de sono regulares nas idades de três, cinco e sete anos tinham significativamente menor desempenho em leitura, matemática e habilidades espaciais. Para os meninos, esse foi o caso para os que não têm horas certas de dormir em qualquer uma das idades. Visto isso, torna-se urgente a mudança de rotina em algumas famílias. 

As crianças, independentemente dos horários dos pais, das atividades diárias ou da própria vontade, devem ter uma rotina determinada e, principalmente, horário para dormir. Organizar a vida dos filhos é tarefa dos pais, quanto mais orientada for a rotina da criança, mais segura ela se sentirá e mais saudável será seu desenvolvimento. 


Virginia Pelizzoni - virginiapp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote

Ser pai é...

Ser pai é ser alguém, 
Dar à vida continuidade, 
Ser pai, tal como ser mãe, 
É encontrar a felicidade! 
Ser pai é ser aluno, contar, ler... 
Ser professor, corrigir, explicar... 
É ensinar sempre a aprender! 
É aprender sempre a ensinar! 
Ser pai é ser um ídolo, o maior, 
Um super herói invencível! 
O porto de abrigo acolhedor, 
Para a tempestade mais terrível! 
Ser pai é aconselhar, chamar à razão 
E ouvir respostas pouco formais, 
É constatar como essa rebelião, 
Aconteceu entre nós e nossos pais! 
Ser pai é ser um espelho! 
Um exemplo para admirar! 
Ser pai não é ser velho, 
É rejuvenescer e renovar. 
Ser pai é semear uma flor, 
Vê-la germinar e florir enfim, 
 Tratá-la com carinho e amor, 
Ela é orgulho do nosso jardim! 
Ser pai é, pois na realidade, 
Ser assim, um palerma babado! 
Ser avô é pior, é verdade, 
Mas ser pai é meio caminho andado.
(autor desconhecido) 














Convido vocês a assistir esse vídeo emocionante: 



Assista também pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=bFG3AOU5CGk 


FELIZ DIA DOS PAIS! 


Fernanda Soares Fernandes - fernandapsico@espacodomquixote.com.br
Psicóloga do Espaço Dom Quixote

A educação proibida



Está na hora de pensarmos em novas possibilidades de ensino. Os tempos mudaram e a escola também deve mudar.

Este filme convida os espectadores a refletirem a respeito da educação, repensando o presente para modificar o futuro.

Assista pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=-t60Gc00Bt8


Clarissa Paz de Menezes - clarissapp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote




As melhores brincadeiras para estimular o desenvolvimento do seu filho por idade



Visitando alguns sites online encontrei este texto bem didático, com dicas práticas de como brincar com as crianças de acordo com a idade de cada uma. Resolvi compartilhar com vocês! Boa leitura! E boa brincadeira! 


Rolar, sentar, andar, correr, pular... Ao longo dos primeiros anos de vida, a criança desenvolve diversas habilidades motoras, adquiridas cada uma a seu tempo. Para ajudar seu filho nessa jornada, deixe a ansiedade de lado e aprenda a estimulá-lo em cada fase – mas sem exageros! 

Até 3 meses 

É nesse período que a criança vai aprender a sustentar a cabeça. Então, ajude-a a fortalecer os músculos do pescoço. Os braços e as pernas ainda ficam muito flexionados, como no útero. A dica é estendê-los suavemente para alongá-los. 

Brinque: coloque-a de bruços sobre a cama ou outra superfície segura e chame sua atenção com um objeto sonoro, como o chocalho, fazendo-a levantar o rosto. Fora do campo de visão do bebê, bata palmas para que ele tente localizar de onde vem o som virando a cabeça. 

Dos 3 aos 6 meses 

O tronco já está começando a se firmar. Coloque a criança sentada em seu colo e também na cama, com um apoio nas costas. Isso a ajudará a desenvolver a musculatura da região. Deite o bebê de barriga para cima e cruze suas pernas, incentivando-o a rolar sobre si mesmo. 

Brinque: crie um tapete de texturas. Deixe seu filho de bruços na cama e espalhe objetos com diferentes toques próximos a ele para explorar o tato, que já está mais sensível nessa fase. Vale também pendurar móbiles no berço. 

Dos 6 aos 9 meses 

A mãos estão mais fortes e a criança consegue segurar objetos grandes. Estimule-a a transferi-los de uma mão para a outra. Lembre-se de que ela está na fase oral e tudo é levado até a boca. Por isso, escolha brinquedos grandes, macios, não cortantes, laváveis e que não soltem pedaços. Algumas crianças já começam a ficar de pé nessa fase. Desça o estrado do berço para evitar acidentes. 

Brinque: tire seu filho da cadeirinha e coloque-o no chão, dando espaço para que possa se arrastar e engatinhar. Não se esqueça de tampar tomadas e tirar do alcance o que possa ser puxado, como a toalha de mesa. Faça o jogo do “um pouquinho mais longe”. Distribua objetos a uma certa distância, começando mais próximo, incentivando seu filho a engatinhar até eles. Cada vez que ele conseguir alcançá-los, faça festa e afaste-os um pouco mais. 

Dos 9 meses a 1 ano 

A criança começa a adquirir o movimento de pinça, pegando objetos com os dedos polegar e indicador. Ofereça tampinhas ou bolas de papel para aprimorar a preensão, sempre sob supervisão, pois são pequenas e podem ser engolidas. Nessa fase, você já pode ajudá-la a ficar de pé sustentando-a pelas mãos. 

Brinque: bata palmas e dê tchau para que ele imite você. Se não conseguir, ensine-o segurando as mãos dele. 

De 1 ano a 1 ano e 6 meses 

Nessa fase, seu filho vai conseguir andar sozinho. Ajude-o a trabalhar o equilíbrio oferecendo brinquedos que possam ser puxados ou empurrados, como um carrinho amarrado a um barbante. A criança já tem capacidade para utilizar papel e giz de cera grosso atóxico. Ensine-a como fazer rabiscos na folha, estimulando a coordenação motora. 

Brinque: disponibilize caixas de diferentes tamanhos e peça que seu filho coloque umas dentro das outras. Isso ajuda a desenvolver a compreensão. 

De 1 ano e 6 meses a 2 anos 

Já com um pouco mais de desenvoltura e habilidade, permita que ele folheie revistas velhas, rasgue-as e amasse as páginas, é uma ótima maneira de estimular a coordenação motora das mãos. Fale os nomes das partes do corpo e peça que vá apontando, uma por uma, para despertar a consciência corporal e treinar o controle do indicador estendido quando os outros dedos estão abaixados. 

Brinque: nessa fase, toda criança – menino ou menina – adora brincar com bola. Estimule seu filho a chutar e fazer gol para trabalhar a agilidade das pernas. 

De 2 a 3 anos 

Seu filho já consegue correr, então leve-o para um parque e incentive-o a brincar de pega-pega, dar pulos e ficar apoiado em um pé só, o que desenvolve o equilíbrio. Também já é possível permitir que ele mesmo lave o corpo durante o banho, o que desenvolve a coordenação, como quando faz movimentos de sobe e desce com o sabonete. Para promover o senso de direção e fortalecer a musculatura das pernas, outra boa opção é o triciclo. 

Brinque: monte um ateliê para brincarem com argila, massa de modelar e tinta guache. Brincar de artista ajuda a controlar a força na ponta dos dedos e o movimento do punho e das mãos. 

De 3 a 4 anos 

Chegou a hora em que seu filho se move independentemente pela casa: sobe e desce escadas alternando os pés, pula obstáculos e desvia de móveis. Ajude-o a empilhar de 6 a 8 objetos, estimulando o controle neuromotor. 

Brinque: desafie-o a desenhar formas geométricas, começando pelo círculo. Assim ele pratica a coordenação motora fina, responsável pelos movimentos mais delicados e precisos do corpo. 

De 4 a 5 anos 

Cada vez mais seu filho é capaz de realizar tarefas que exigem controle preciso do corpo. A mão, por exemplo, tem firmeza para segurar o lápis e habilidade para desenhar um homem com três partes – cabeça, tronco e pernas. Habitue-o a organizar os próprios pertences e a ajudar nas tarefas da casa. Além de desenvolver o senso de responsabilidade, essa rotina exercita a coordenação motora, como ao dobrar peças de roupa ou guardar objetos na gaveta. 

Brinque: desafie seu filho a andar nas pontas dos pés e a imitar os animais utilizando todo o corpo: rastejando, se for uma cobra; saltando agachado, se for um sapo, etc. 

De 5 a 6 anos 

A criança já demonstra boa habilidade motora, mas ainda não tem noção de perigo. Nessa fase irá manusear a tesoura, por isso alerte-a sobre os cuidados necessários para não se cortar. Os reflexos estão mais rápidos e permitem à criança defender ou agarrar a bola com as duas mãos, sem deixá-la escapar.

Brinque: chute a gol e queimada são duas brincadeiras novas para o repertório do seu filho. Ele já diferencia direita e esquerda, então aproveite para treinar essas noções. 

De 6 a 8 anos

A coordenação motora fina está melhorando. Assim, seu filho vai aprender a segurar o lápis fazendo uma pinça como polegar, o indicador e o dedo médio. Uma boa dica para ajudá-lo nessa tarefa é pedir que ele junte o dedo mindinho e o anelar e, na sequência, tente segurar um lápis com os outros três dedos. De forma natural ele conseguirá empunhá-lo. 

Brinque: que tal organizar passeios de bicicleta? Nessa fase, seu filho não terá dificuldades em pedalar com rodinhas, pois tem o equilíbrio, o senso de direção e a força exigidos pela atividade. Depois de adquirir mais confiança, proponha eliminar as rodinhas, primeiro uma, depois a outra. Não se esqueça dos equipamentos de segurança! 

Texto de Malu Gonçalves - revistacrescer.globo.com


Fabíola Scherer Cortezia – fabiola@espacodomquixote.com.br
Psicóloga do Espaço Dom Quixote
Especialista em Infância e Adolescência

Dica para estimulação da linguagem - 9 a 12 meses



A compreensão de uma criança na faixa etária de 9 a 12 meses já deve estar bastante ampla. Já entende o significado do "não" e faz o reconhecimento de figuras e objetos familiares a partir da nomeação de um adulto.

Na expressão, a criança já inicia a produção de palavras com significado, podendo nomear animais através dos sons que eles fazem (a galinha é "cocó", o gato é "miau", o cachorro é "auau").

Uma forma legal de se estimular a linguagem nesta idade é, ao mostrar objetos, ir nomeando-os para a criança e pedindo que ela pegue-os através de frases simples de ordens (pega a bola!). Descreva estes objetos a partir das cores, formatos, texturas, funcionalidade para ir mostrando para a criança as diferentes possibilidades de fala.

Sabe-se que o cérebro sintoniza-se com os sons que constituem as palavras e depois faz conexões que lhe permitem reconhecer os sons à medida que o vocabulário aumenta.


Fernanda Helena Kley - fernandafono@espacodomquixote.com.br
Fonoaudióloga do Espaço Dom Quixote
Pós-graduada em Neuropsicologia (UFRGS)
Aprimoramento em Processamento Auditivo (CEFAC)


Documentário brasileiro estreia com alerta poético: É preciso resgatar a criança que mora dentro de nós



Autora: Andressa Basilio
revistacrescer.globo.com

O filme “Tarja Branca – A Revolução que Faltava” reúne diferentes visões sobre o conceito do brincar e como ele é mais importante do que se imagina. Em entrevista à Crescer, o diretor Cacau Rhoden conta os detalhes da produção.


“Brincar é um ato que rompe o tempo e espaço, que inaugura outro tempo e espaço. É uma conexão que é de vínculo, sou eu e o mundo. Porque a criança não vive para brincar, brincar é viver. Ela ali está totalmente inteira, respondendo a sua própria vida, a vida está se exprimindo de dentro dela.” É nas palavras da pedagoga Maria Amélia Pereira que o documentário brasileiro Tarja Branca – A Revolução que Faltava chega a um dos pontos mais bonitos. A produção da Maria Farinha Filmes - mesma de Muito Além do Peso (2012) - chega aos cinemas para discutir um assunto que já não é mais novo, mas que precisa ser cada vez mais ressaltado: a importância do brincar no nosso dia a dia.

O que você vai ver na tela é um costurado de depoimentos de pessoas de diferentes culturas e classes sociais, aliado a fotografia belíssima e tom poético. Portanto, prepare-se para a imersão. Se você não for muito dado a documentários, a estética pode parecer cansativa. Mas persista, a discussão é muito rica e vai fazer você repensar sobre toda a sua vida. Primeiro porque o filme não vai falar sobre o seu filho. É, na verdade, com você que ele quer dialogar. Ou melhor, com o menino ou menina que você foi e que ainda está aí dentro, talvez um pouco escondido. “Aquele menino que você foi está o tempo todo olhando para você e dizendo ‘e aí, o que você fez de mim?'”, pergunta o escritor pernambucano Marcelino Freire, em determinado momento do filme.
Tarja Branca consegue outro feito: ele parte do micro – o brincar – para analisar e levantar os problemas do macro. De um lado, está o Brasil de raiz, ou seja, o país das festas culturais, como Carnaval, frevo e Boi de Parintins; de outro, um país cruel, onde moradores das zonas mais pobres precisam se munir de frieza para ganhar seu sustento, assim como os das zonas mais ricas, para aguentar a rotina dos dias cheios. A partir das contradições e similaridades dessas duas esferas, ele promove uma reflexão sobre o que nós, sociedade, fomos deixando de ganhar com o tempo e o que nós, indivíduos, perdemos pelo caminho. A resposta não é uma só e cabe ao espectador encontrar a sua para, quem sabe, correr em busca do que ficou para trás.

O diretor Cacau Rhoden conversou com a Crescer sobre o filme, suas expectativas e aprendizados durante o processo de produção. Veja a seguir:
CRESCER: O filme começa com o conceito do brincar. Por que vocês acharam importante resgatá-lo? 

Cacau Rhoden
: Quando o convite para fazer um material audiovisual me foi feito, havia o argumento inicial da Maria Farinha Filmes de trazer, como todos os projetos dele, um engajamento, um forte comprometimento social. Pensamos em fazer algo com os brincantes da cultura popular, que são pessoas ligadas às manifestações de festas populares, como o maracatu e a dança do coco. No meio desse processo todo, nos deparamos com uma questão que é como a gente se relaciona com nosso espírito lúdico. Reparei que eu nunca tinha parado para pensar sobre isso, sobre o brincar e o significado dele. Acho que, com o tempo, as pessoas foram subvertendo o significado do brincar e abafando esse espírito lúdico. Então tivemos uma necessidade de colocar isso ao espectador, de estimular essa reflexão que aconteceu com a gente para que o público entendesse o real significado do brincar para, depois, entrar nas demais questões sociais que a gente aborda no filme.

C.: Vocês encontraram personagens muito ricos. Como foi esse processo de busca?

C.R.:
 O filme não foi feito num período só, não tínhamos roteiro. O que aconteceu é que a gente começou entrevistando algumas pessoas que estavam mais próximas do tema, que já discutiam e estudavam a importância do brincar, como o pessoal do Instituto Brincante, e essas pessoas foram trazendo outras para a gente. A única coisa que era um entendimento comum meu e da produtora era que a gente iria abordar o tema a partir de pontos de vistas diversos. Queríamos o psicanalista, o brincante ligado à cultura popular, o iletrado, o intelectual pensador, artistas e pessoas ligadas à educação.

C.: Vocês falam muito em resgatar a criança que existe dentro de você. Como você fez para resgatá-la?

C.R.:
 O filme não é um chamado para a gente resgatar a infância perdida, não. É um questionamento, é para lembrarmos de como éramos quando criança, de nossos anseios e de como víamos o mundo e como fomos perdendo isso pelo caminho. As pessoas que estão no filme, em grande parte, tem uma ligação direta ou indireta com o brincar. E eu nunca tinha parado para refletir e essas pessoas me ajudaram ao expor seus sentimentos, suas indignações e filosofias de vida. Acabaram por me contaminar e isso fez com que eu me conectasse comigo mesmo, com o mundo e com os outros de outra maneira. Acho que foi ouvindo tudo o que eles disseram e parando para refletir que eu consegui resgatar uma essência minha que estava um pouco abafada pela rotina. Eu acho, e espero, que os espectadores sintam a mesma coisa. E, antes, espero que cada vez mais pessoas tenham acesso ao filme, que vão ao cinema, que divulguem para os amigos. É uma necessidade urgente da sociedade refletir sobre como nós nos relacionamos com o tempo, como fazemos nossas conexões com nós mesmos e com os outros, como estamos ficando angustiados com nossa própria existência. Espero que a gente consiga tocar o coração das pessoas.

Indicação de leitura realizada pela psicóloga Fabíola Scherer Cortezia, especialista e Infância e Adolescência. 
fabiola@espacodomquixote.com.br

Família e escola: uma parceria necessária



O ser humano se perpetua pela aquisição de conhecimentos, de valores e da cultura de uma geração. Esta aprendizagem acontece na família, aprimora-se na escola e evolui na relação com a sociedade. 

Ao matricular uma criança na escola, os pais esperam que ela aprenda novos conhecimentos, adquira habilidades para desenvolver sua aprendizagem ao longo da vida e a capacite a ser uma pessoa reflexiva, crítica, com capacidade de fazer boas escolhas e ser um bom profissional. 

A escola, por outro lado, possui em sua filosofia e projeto pedagógico a formação de valores éticos em seus alunos, o desenvolvimento de competências e conhecimentos. Sem a parceria entre escola e família, todos estes objetivos não se tornarão realidade, pois o aluno enquanto criança e ainda na adolescência precisa da assessoria dos pais e dos professores para atingir estes objetivos e ter sucesso na vida escolar. 

No Ensino Fundamental as crianças vivem uma fase “esponja”. Tudo o que ensinamos a elas será internalizado, desde que esta ação seja vivenciada com qualidade e sentido. É nesta etapa de escolarização que as crianças precisam aprender a organizar sua mochila, seu material, ter uma postura adequada para sentar e realizar as atividades, desenvolver a atenção e concentração na hora de estudar. 

Os pais podem ajudar muito mostrando aos filhos como fazer, dando espaço para que pratiquem o que lhes foi ensinado e corrigindo posturas inadequadas. Na escola é importante proporcionar um tempo para ensinar as crianças a usarem os materiais corretamente, segurar o lápis, fazer a preensão correta para posteriormente ter uma letra caprichada. Desenvolver o traçado correto de letras e números precisa acontecer nos três primeiros anos de escolarização para que a criança faça uso dela posteriormente. 

São etapas de aprendizagem importantes antes da formalização da aprendizagem e construção da alfabetização. 

Em casa, os pais desempenham papel importante na motivação para a aprendizagem e na construção de posturas que favorecem o desenvolvimento cognitivo, social e emocional. 

Para ajudar a família a desempenhar seu papel no desenvolvimento escolar dos filhos, seguem algumas dicas para os pais enquanto o filho é criança e se encontra no Ensino Fundamental:

- Bons alunos fazem a lição sozinhos. O tema é da criança e não dos pais. Ela deve ser capaz de fazer a tarefa sozinha. Isso não quer dizer que deve se sentir sozinha. 

- Os pais devem acompanhar. Dar o exemplo estimula o filho. Ler junto com os filhos. Fazer as contas da casa na hora do tema de matemática. Escrever um texto, carta, responder e-mails. 

- É para se esforçar, não arrancar os cabelos. Se a criança está cansada, é melhor parar e retomar a atividade em outro momento. 

- Manter uma rotina de estudos. Estabelecer um horário de estudos. Ter um cantinho para estudar ajuda na organização e concentração. 

- O que a criança aprender em termos de valores, limites, respeito a si e ao outro, responsabilidade e hábitos, conhecimento de seus direitos e deveres, ela levará consigo onde quer que vá. 

- À medida que a criança cresce, é importante que comece gradativamente a aprender a tomar conta de si própria. 

- O ideal é, desde cedo, deixar a criança ter relação com diferentes pessoas e incentivá-las nas suas primeiras experiências. 

- A brincadeira é um recurso psíquico importante para o desenvolvimento das crianças. É importante que os pais entrem na brincadeira dos e com os filhos. 

- Respeitar o tempo das crianças. Para desenvolver sua aprendizagem a criança precisa estar pronta biologicamente, psiquicamente e socialmente. 

- A relação entre família e escola é fundamental para garantir a aprendizagem e o desenvolvimento integral da criança. 

- A proximidade entre pais e filhos na hora de aprender desenvolve a autoestima, o respeito, a confiança e favorece a aprendizagem de valores importantes. 

A aprendizagem pode ser formalizada, mas sempre será uma etapa da humanização. A educação aprendida na família e desenvolvida na escola formará os sujeitos que farão a diferença na sociedade. 


Janete Cristiane Petry - janetepp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote

AEE – Atendimento Educacional Especializado



A educação da criança deficiente é um desafio constante para pais e educadores que buscam auxiliar os alunos no processo de inclusão. 

O Espaço Dom Quixote oferece o Atendimento Educacional Especializado (AEE), um serviço que busca identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade para os alunos portadores de deficiência ou transtorno do desenvolvimento, considerando suas necessidades específicas. 

O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno, realizando um trabalho em conjunto com a escola, visando a autonomia e independência na escola e fora dela, através da adaptação de materiais, tecnologias assistivas e atendimento especializado e adequado às necessidades de cada estudante. 

O Atendimento Educacional Especializado é indicado para crianças com deficiência física, intelectual, sensorial, transtornos gerais do desenvolvimento e altas habilidades, atuando com crianças e adolescentes de todos os níveis de ensino, desde a educação infantil até o ensino médio.

Dicas para ajudar seu filho a falar corretamente



- Fale devagar; 

- Articule bem as palavras; 

- Peça para seu filho observar o movimento da sua boca; 

- Converse bastante com seu filho; 

- Leia histórias; 

- Dê o modelo correto das palavras. 

Através das situações do cotidiano podemos criar um mundo de possibilidades para desenvolver a fala das crianças. 

Então... VAMOS CONVERSAR!


Daniela Pinto - danielafono@espacodomquixote.com.br
Fonoaudióloga do Espaço Dom Quixote

Por que as crianças vão ao analista?



Muitas vezes, quando me apresento como psicóloga de crianças e adolescentes, escuto a pergunta: “Mas por que as crianças vão ao analista?” Em resposta à duvida de muitas pessoas, encontrei o texto abaixo no livro “Divã: Janelas para o Cotidiano”, da psicanalista Magda Mello e pensei em compartilhá-lo com vocês! Boa leitura! 

Fabíola Scherer Cortezia – Psicóloga, especialista em Infância e Adolescência


Repensando a clinica infantil historicamente, pode-se dizer que, antigamente o analista escutava a partir de um lugar de quem sabia tudo e como iria investigar e localizar a onde os pais teriam “errados” com a criança. Era como se alguém tivesse cometido um “crime”, um erro, ou como se a criança tivesse necessariamente traumatizado com algo. O terapeuta de crianças se parecia mais com um detetive atrás de fatos da história que comprovasse a sintomatologia, do que um profissional de saúde. 

Nos tempos atuais, nós psicólogos / analistas escutamos a criança através dos pais atravessados pela dor psíquica que paira no ambiente familiar. Hoje, na era pós-freudiana, escuta-se de forma mais aberta: ouve-se o que o outro sente, amplia-se o espaço para pensar juntos e a proposta de tratamento ou de intervenção terapêutica resulta de um trabalho a partir do reconhecimento da dor, aliada à curiosidade de conhecer as demandas inconscientes. Decifrar o padecimento de uma criança e de uma familiar é possibilitar a apropriação de uma história singular. Reconhecer os limites de cada um possibilita abrir um espaço para fazer circular o desejo e o prazer de conviver. 

A análise ou terapia possibilita a modificação dos ruídos, sintomas e descompassos na relação criança / pais, a partir da relação terapêutica. Lembrando que, em tempos de volta as aulas, os pais precisam ficar atentos ao retorno de manifestações sintomáticas que ficaram adormecidas durante as férias. Dificuldade na aprendizagem pode ser sinal de bloqueios emocionais. 

A criança que, através do tratamento psicológico recupera a alegria, o prazer em brincar, o prazer em executar as tarefas escolares, que pode ser espontânea respeitando os limites que lhe são impostos pela cultura, na verdade recupera a saúde mental para seguir livre seu caminho. 

Consequentemente, a família se reorganiza e se liberta da culpa ou do sofrimento que carrega ao ver um filho perdido, muitas vezes sem rumo. 

Entender a trama familiar na quais a estão inseridos os infantes é o desfio atual na clínica de crianças, associada à solicitação social de respostas pontuais para sintomas que estruturam gradativamente no núcleo familiar ao longo das cenas relevadas dos mitos escondidos. Desvelar, desvendar e poderem pensar, junto com os pais, os sintomas da criança continua sendo o maior desafio da clínica de crianças na atualidade. É preciso repensar a infância!

Autismo e Nutrição


O autismo infantil tem chamado muito a atenção nos últimos anos, é descrito como uma forma de desordem neurológica de causa desconhecida, caracterizada pela deterioração e demora na interação social e na aquisição da linguagem, bem como déficit de habilidades com padrões de comportamentos repetitivos e de sintomatologia iniciada antes dos 3 anos de idade. 

Inúmeras hipóteses são citadas diariamente sobre a causa do autismo, além das anormalidades associadas com o desenvolvimento motor e comportamental, estudos observam alterações no metabolismo de nutrientes, principalmente das proteínas, do paciente com autismo. 

Pesquisadores acreditam que a nutrição tenha uma grande influência nos transtornos do espectro autístico, e acreditam que a alimentação pode interferir na saúde de uma criança autista, funcionando inclusive como um gatilho para a intensificação dos sintomas. 


A literatura científica tem reportado níveis sanguíneos elevados de gluteomorfina (peptídeos derivados da proteína do glúten) e a caseomorfina (peptídeos derivados da caseína). O aumento da concentração dessas substâncias está relacionado com alteração do nível de acidez estomacal, alteração da motilidade intestinal, redução do número de células nervosas do sistema nervoso central e inibição da neurotransmissão. 

A partir desses achados surgiram algumas hipóteses sobre a possível relação entre autismo e distúrbios do metabolismo proteico, correlacionando o consumo das proteínas derivadas do leite e glúten ao agravamento dos sintomas do transtorno autístico. Pesquisas relatam que crianças autistas que aderiram a uma dieta isenta de caseína e glúten apresentaram melhora dos sintomas. 

O que acontece é que quando esses alimentos são retirados, geralmente melhora-se o estado geral: melhora a concentração, diminui a hiperatividade, a cognição e a socialização. Isso ocorre porque a grande maioria dos autistas, apresentam deficiência enzimática, principalmente da enzima dipeptidilpeptidase IV (DPPIV), responsável por hidrolisar (quebrar) essas proteínas. Além disso, costumam apresentar disbiose e hipermeabilidade intestinal e, dessa maneira, esses peptídeos (fragmentos de proteínas) acabam passando pela membrana intestinal, caindo na corrente sanguínea, atravessando a barreira hematoencefálica e chegando ao cérebro, agindo como drogas opióides semelhantes a heroína e morfina. 

O fato é que a dieta isenta de glúten e caseína ganhou fama mundial como “a dieta do autismo” sendo muito infeliz, pois ela cobre apenas uma parte bem pequena do problema. 

E aproveitando-se da tal fama da dieta, as indústrias do setor alimentício lançaram no mercado uma infinidade de produtos com o rótulo “livre de glúten” e/ou “livre de caseína”, dando aos pais uma falsa sensação de segurança: se é livre de caseína e livre de glúten, então o produto deverá ser bom para meu filho autista, porém são produtos repletos de gorduras e açúcar, em alguns casos cheios de adoçantes artificiais, carboidratos refinados, gorduras alteradas e desnaturadas, proteínas alteradas e desnaturadas e outras tantas substâncias que crianças autistas jamais deveriam consumir. 

Portanto, eliminar o glúten e a caseína da dieta de crianças autistas pode ser um tratamento alternativo, e sim, pode se ter resultados satisfatórios, porém nem sempre em todos os casos. 


O que não podemos esquecer é que as crianças autistas, assim como todas as crianças, precisam de uma alimentação de qualidade, o mais natural possível, repleta de frutas e vegetais frescos, retirando-se possíveis alimentos alergênicos, alimentos industrializados, açúcar e aditivos químicos em geral. 


Cristine Cassel - cristinenutri@espacodomquixote.com.br 
Nutricionista do Espaço Dom Quixote

Pátria amada, Brasil!


Família e Adolescência



Sugestão de leitura sobre o tema!

FAMÍLIA E ADOLESCÊNCIA: a influência do contexto familiar no desenvolvimento psicológico de seus membros

Autores: Elisângela Maria Machado Pratta, Manoel Antonio dos Santos
(Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12, n. 2, p. 247-256, maio/ago. 2007)

Fragmentos do artigo: 

A família, desde os tempos mais antigos, corresponde a um grupo social que exerce marcada influência sobre a vida das pessoas, sendo encarada como um grupo com uma organização complexa, inserido em um contexto social mais amplo com o qual mantém constante interação (Biasoli-Alves, 2004). 

A partir da segunda metade do século XX a família passou (e continua passando) por um processo de intensas transformações econômicas, sociais e trabalhistas (Singly, 2000), sobretudo nos países ocidentais. Diversos fatores concorreram para essas mudanças, como o processo de urbanização e industrialização, o avanço tecnológico, o incremento das demandas de cada fase do ciclo vital, a maior participação da mulher no mercado de trabalho, o aumento no número de separações e divórcios, a diminuição das famílias numerosas, o empobrecimento acelerado, a diminuição das taxas de mortalidade infantil e de natalidade, a elevação do nível de vida da população, as transformações nos modos de vida e nos comportamentos das pessoas, as novas concepções em relação ao casamento, as alterações na dinâmica dos papéis parentais e de gênero. Estes fatores, entre outros, tiveram um impacto direto no âmbito familiar, contribuindo para o surgimento de novos arranjos que mudaram a “cara” dessa instituição (Biasoli-Alves, 2004; Romanelli, 2002; Scott, 2004). 


A família possui um papel primordial no amadurecimento e desenvolvimento biopsicossocial dos indivíduos, apresentando algumas funções primordiais, as quais podem ser agrupadas em três categorias que estão intimamente relacionadas: funções biológicas (sobrevivência do indivíduo), psicológicas e sociais (Osório, 1996). A função biológica principal da família é garantir a sobrevivência da espécie humana, fornecendo os cuidados necessários para que o bebê humano possa se desenvolver adequadamente. Em relação às funções psicológicas, podem-se citar três grupos centrais: a) proporcionar afeto ao recém-nascido, aspecto fundamental para garantir a sobrevivência emocional do indivíduo; b) servir de suporte e continência para as ansiedades existenciais dos seres humanos durante o seu desenvolvimento, auxiliando-os na superação das “crises vitais” pelas quais todos os seres humanos passam no decorrer do seu ciclo vital (um exemplo de crise que pode ser mencionado aqui é a adolescência); c) criar um ambiente adequado que permita a aprendizagem empírica que sustenta o processo de desenvolvimento cognitivo dos seres humanos (Osório, 1996).


Apesar da adolescência ser considerada por muitos como um fenômeno universal, ou seja, que acontece em todos os povos e em todos os lugares, o início e a duração deste período evolutivo varia de acordo com a sociedade, a cultura e as épocas, ou seja, esta fase evolutiva apresenta características específicas dependendo do ambiente sócio-cultural e econômico no qual o indivíduo está inserido (Osório, 1996). Entretanto, o conceito de adolescência, tal como conhecemos hoje, é uma construção recente do ponto de vista sócio-histórico. Admite-se, em geral, que essa fase do desenvolvimento humano tem início a partir das mudanças físicas que ocorrem com os indivíduos a partir da puberdade. Neste sentido, torna-se importante pontuar que puberdade e adolescência, apesar de estarem diretamente relacionadas, correspondem a dois fenômenos específicos, ou seja, enquanto a puberdade envolve transformações biológicas inevitáveis, a adolescência refere-se aos componentes psicológicos e sociais que estão diretamente relacionados aos processos de mudança física gerados neste período (Osório, 1996).


Torna-se imperativo investir em programas de orientação para pais com a finalidade de instrumentalizá-los para poderem lidar de forma mais adequada com seus filhos adolescentes, auxiliando-os a fornecer orientações mais precisas que sirvam de referência para os adolescentes frente a situações que necessitem de reflexão e tomada de decisões. Assim, os pais podem reduzir suas angústias frente à adolescência dos filhos e estes, por sua vez, podem ver os pais como um suporte emocional singular ao qual podem recorrer diante das dificuldades de ajustamento que enfrentam. 

Artigo completo disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pe/v12n2/v12n2a05


Fernanda Soares Fernandes - fernandapsico@espacodomquixote.com.br
Psicóloga do Espaço Dom Quixote
Especialista em Psicologia Clínica - Terapia Cognitivo-Comportamental
Pós-graduanda/Especialista en Terapia de Casal e Família

Atividades pedagógicas com crianças autistas

A aprendizagem de uma criança autista é sempre motivo de ansiedade e insegurança para pais e professores. No entanto, é possível oferecer atividades interessantes e que possam auxiliar no vocabulário, fluência verbal, tolerância, segurança, organização de idéias e criatividade. 

A fim de auxiliar pais e educadores, seguem algumas idéias de atividades para serem realizadas com crianças e adolescentes. 

- Arquivo visual: Fazer um banco de figuras com diferentes animais, cores, eletrodomésticos, comidas, profissões, partes do corpo, lugares, entre outros. Este material facilita a ampliação do vocabulário e possibilita a realização de outras atividades. 


- Jogo da memória: É possível realizar o jogo da memória apenas com imagens, imagens e palavras ou ainda imagens e letras.




- Fluência: Coloque figuras diversas em frente à criança e peça uma delas, se a criança não responder ajude-a mostrando a figura correta e com a mão dela leve-a até a sua. 

- Formar orações: Com figuras de pessoas e ações peça que escolha uma figura de cada e monte uma pequena frase. (pessoa + ação) 



- Classes: Separe duas figuras de animais e uma de lugar, por exemplo. Pergunte a criança: “quais das figuras NÃO é um animal?” Nesta atividade é possível variar as imagens e as classes. 

- Contação de histórias: Separe figuras de pessoas, ações e lugares, colocando-as em três pilhas diferentes sobre a mesa, viradas para baixo. Ao virar uma carta de cada pilha, o jogador deverá contar uma pequena história com aquelas imagens. 


Aproveite essas idéias e crie também suas próprias atividades e brincadeiras. 

Divirtam-se! 


Virginia Pelizzoni – virginiapp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote

Alienação Parental



Li o texto abaixo no livro “Divã: Janelas para o Cotidiano”, da psicanalista Magda Mello e achei de grande relevância para pensarmos a Alienação Parental. Indico a leitura para vocês, pais, educadores e pensadores do tema da infância e adolescência. 

Fabíola Scherer Cortezia – Psicóloga Especialista em Infância e Adolescência 


O tema do divórcio ou das separações entre casais circula em grande número de famílias, trazendo consigo consequências que poderão afetar seus filhos. Mas poderíamos nos perguntar: será que o estado de desentendimento entre os pais não abala o filho tão profundamente quanto à separação ou divórcio? Numa casa em que vivem o pai e mãe em estado de desentendimento, como a criança poderia não se sentir ameaçada na sua integridade física e mental? Muitos desses filhos são bastante angustiados e chegam a perguntar para os pais: “Vocês vão se separar”? 

Eles gostariam de saber se os pais irão se separar ou continuarão brigando. 

Na verdade o divórcio legaliza o estado de desentendimento e leva a uma liberação da atmosfera de discórdia e a uma nova situação para os filhos. Para estes, o assunto é misterioso no começo, mas não deve permanecer como tal. De fato, o divórcio é uma situação legal que traz uma solução também para os filhos. 

Por outro lado, estudos atuais nos apontam para a Síndrome de Alienação Parental que se caracteriza por um dos pais afastarem os filhos do outro. As mães ou pais que afastam os filhos dos ex não estão tentando prejudicar as crianças. Na maioria dos casos, a alienação é feita de forma inconsciente, mas abriga claramente sentimentos de vingança em relação ao outro, em especial quando o ex já se casou ou constituiu uma nova família. Também confundem conjugalidade com parentalidade, acreditando que os problemas do relacionamento dos dois se estendem à criança que a pessoa acredita estar protegido. A ideia não é prejudicar o filho, mas dificultar a vida do outro. 

As consequências das ações exercidas sobre as crianças em afastá-las de um dos pais podem ser bastante séria: pode levar à psicose, a criança poderá mais tarde rebelar-se contra quem detém a guarda e a colocou contra o pai ou a mãe; repetição do padrão de comportamento (esquizoide) cindido entre o bem e o mal para a sua própria vida futura. Quer dizer: se um dos pais é o bom e o outo o mau, assim ela imprime este padrão na vida com as outras pessoas. 

O único tratamento para pais e crianças atingidos pela consequência destes conflitos é a psicoterapia. O problema é que a maioria se recusa a reconhecer esse comportamento. Portanto, é preciso encontrar um arranjo que resolva a situação de separação sem afastar pais ou mães dos filhos, amenizando os sofrimentos de todos. 

Cabe lembrar, que a construção das imagens dos pais servirá de modelos de identificação e de escolhas futuras do filho em relação à sua vida afetiva. O pai, por exemplo, só assume importância na vida da criança pequena pelo fato de a mãe nomeá-lo e pelo valor atribuído a ele nas suas palavras. 

A mãe tem valor por si, mais o pai se reverte em recurso afetivo da mãe, a qual, referida a ele, torna-se o recurso afetivo do filho. Este é o padrão afetivo normal da família. O homem irriga a mulher e esta supre os filhos. 

Quando isso se rompe, todo o cuidado é pouco para que não se destrua a imagem dos pais para os filhos.

14 dicas simples para prevenir doenças respiratórias no inverno



Com a chegada do frio, alguns cuidados devem ser tomados para prevenir as doenças respiratórias de inverno. Pessoas idosas, crianças e portadores de doença crônica devem redobrar os cuidados. 

Para isso algumas dicas são importantes: 

- Lave as mão frequentemente com água e sabão. Hábitos simples de higiene são importantes para prevenção, pois o vírus permanece vivo nas superfícies como corrimões, maçanetas e torneiras, por até 10 horas; 

- No ambiente escolar além das mãos, os brinquedos e objetos de uso comum devem ser lavados com água e sabão ou higienizados com álcool gel a 70%; 

- Evitar locais fechados e com grande circulação de pessoas, pois a proliferação dos vírus e bactérias é maior em ambiente com conglomerados de pessoas; 

- Evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com superfícies potencialmente contaminadas, como corrimãos, bancos e maçanetas; 

- Ao espirrar ou tossir utilize lenço de papel descartável e evite proteger com as mãos, pois isto aumenta a chance de transmissão do vírus; 

- Evitar contato com pessoas que apresentem sintomas de gripe; 

- Crianças com gripe ou resfriado deve permanecer em repouso, pois além de necessário para a recuperação, evitará que a criança transmita o vírus para seus colegas; 

- Não fumar e não permitir que fumem dentro da sua casa, pois a fumaça de cigarros irrita as vias respiratórias; 

- Nos dias mais secos, deve-se umidificar os ambientes para amenizar possíveis irritações da mucosas;

- Deixar o ambiente o mais ventilado e arejado possível para evitar a proliferação do vírus no ambiente; 

- Ao apresentar febre acompanhada de sintomas como tosse, dor de garganta e secreção nasal procurar atendimento médico; 

- Alimentar-se bem, com frutas e verduras e beber bastante líquido; 

- Não se automedicar. Os remédios podem mascarar sintomas, ter efeitos colaterais danosos, agravar doenças, adiar ou dificultar o diagnóstico correto de uma situação grave levando situações inicialmente totalmente controláveis até complicações que ponham em risco a vida do paciente; 

- Vacinar-se contra gripe, principalmente as pessoas que se enquadram nas indicações do Ministério da Saúde.

Fonte: Dr. Leonardo Severo
Disponível em: http://www.drleonardosevero.com.br/2014/05/14-dicas-simples-para-prevenir-as.html


Fernanda Helena Kley - fernandafono@espacodomquixote.com.br
Fonoaudióloga do Espaço Dom Quixote

Feliz Dias das Mães!


A Fisioterapia no desenvolvimento motor



A Fisioterapia em Neuropediatria é o ramo da neurologia que se dedica ao estudo das doenças do desenvolvimento e maturação do sistema nervoso em crianças. Possui importância no controle de doenças com comprometimento neurológico. Quando ocorre uma lesão neurológica em uma criança, o fisioterapeuta analisa a sua motricidade e a sua funcionalidade através do seu desenvolvimento motor normal. 

Para realizar o tratamento de crianças com lesões neurológicas, precisa-se conhecer o desenvolvimento motor normal (com todas as suas peculiaridades) para reconhecer o anormal. Assim, as etapas do desenvolvimento servem como guia no processo de diagnóstico e tratamento. 

Realizando uma avaliação e acompanhamento adequado do comportamento anormal da criança, é possível aplicar um tratamento precoce proporcionando estímulos para recuperar e manter um padrão de sinergia motora próxima da normalidade que a ajude no seu desenvolvimento. 

A Fisioterapia atuando na inibição dos reflexos patológicos e primitivos persistentes facilita o desenvolvimento gradual do controle motor postural. 

O objetivo da Fisioterapia é levar o seu paciente ao estágio máximo da independência, por meio das suas potencialidades, lançando mão de todos os processos terapêuticos disponíveis. 

As principais funções do fisioterapeuta são: melhorar a mobilidade, aliviar a dor, prevenir lesões e recuperar as funções não adquiridas e perdidas, utilizando diversas técnicas. 

O fisioterapeuta dispõe da possibilidade de proporcionar uma contribuição especial e inestimável às crianças que apresentam deficiência neurológica ou algum tipo de problema através do atendimento lúdico e terapêutico.


Letícia Salin - leticiafisio@espacodomquixote.com.br
Fisioterapeuta do Espaço Dom Quixote