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A nova mãe



Antigamente era fácil definir a família: pai, mãe e filhos. A mãe ficava em casa cuidando dos filhos enquanto o pai, como chefe legítimo, tomava as decisões e trabalhava fora para o sustento do lar. Hoje, um novo conceito de família está se materializando e vários fatores explicam essa mudança.

Há 50 anos, com a chegada da pílula anticoncepcional, a mulher pôde planejar melhor a vida, escolher o momento e o número de filhos desejados. Depois, conquistou o direito de descasar. Atualmente, a cada quatro casamentos, um termina em divórcio no Brasil.

Aos poucos, tudo isso vem resultando em uma nova configuração familiar, como indica levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que aponta aumento no número de mulheres consideradas chefes de família: 76% das mulheres trabalham fora; a taxa de fecundidade que era em média de 5 está em torno de 1,8 filho por mulher; a faixa etária dos 25 a 35 anos é a que tem mais filhos; 56% das mulheres são chefes da casa. Sendo que desses lares, 52,9% são do tipo monoparental, ou seja, há somente mãe e filho(s).

Agora ela cuida de si mesma, isto é, estuda, trabalha, se diverte, divide as contas e responsabilidades com o companheiro; retarda a concepção até se estabelecer profissionalmente ou simplesmente opta por não ser mãe, exercendo o seu poder de escolha.

Sabe-se, inclusive, que hoje a família contemporânea envolve filhos de outros casamentos, ex-maridos, parentes de outros relacionamentos, que ampliaram o conceito de família nuclear de antigamente que lembra um patchwork ou, para citar um termo usado pelos especialistas, família mosaico.

É uma situação nova que demanda adaptação de toda sociedade. O significado da maternidade não foi diminuído. Pelo contrário, mais de que nunca o filho precisa sentir que é objeto de prazer para a sua mãe, assim como ambos precisam se sentir profundamente identificados um com o outro, pois trata-se de uma relação humana viva, que altera a personalidade tanto da mãe quanto do filho de maneira definitiva.

Apesar de tantos avanços, a mãe (ou a mãe substituta) permanece sendo aquela que empresta o que tem de melhor para que o filho aprenda a enxergar a realidade através dela, daí a sua importância por representar o primeiro grande contato com o mundo real. Há quem tenha dito – e provavelmente está correto – que temeríamos mais o nascimento que a morte, se dele tivéssemos consciência.

Aliás, a nova mãe, mais do que ninguém, sente que junto com as conquistas vieram as crises e culpas pela falta de atenção plena aos filhos numa comparação com o passado vivido pela geração de seus pais. Criou-se para a mulher de hoje uma expectativa irreal, de somar casa, família e trabalho, sendo os dois primeiros nos moldes antigos e o trabalho como se ela não tivesse mais nada para cuidar. Sem uma administração eficiente, esta situação múltipla acaba por gerar conflito e estresse.

A mudança nas características da mãe resulta em uma nova relação com o filho, mais aberta, honesta. A educação passa a ser mais a base de conversa e não do castigo.

A equipe do Espaço Dom Quixote tem um papel coadjuvante nesse complexo processo que é o desenvolvimento humano por saber que a mãe é a personagem principal; muitas vezes responsabilizada pelas más condutas, mas também parabenizada pelo ótimo trabalho.

Obrigada, mães!

Andréa de Espíndola – andreapsico@espacodomquixote.com.br

Psicóloga e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote.

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