Ocupar-se da Terapia Ocupacional definitivamente deveria ser tarefa primordial de qualquer Terapeuta Ocupacional. Explico-me dizendo que ocupar-se desta profissão é diferente de tê-la somente como atividade profissional.
Ocupar-se da Terapia Ocupacional é fazer da prática terapêutica um lugar de investigações, dúvidas, questionamentos, busca de conhecimentos, enfim, de construção contínua e constante de teoria a partir das técnicas utilizadas na tríade: paciente-terapeuta-atividades.
Ocupar-se da Terapia Ocupacional é um investimento antes de tudo pessoal, pois necessita inevitavelmente de dedicação, tesão, paixão por tudo aquilo que FAZ na prática clínica, profissional.
Ocupar-se da Terapia Ocupacional é ter a tranquilidade e a segurança de dizer aos colegas que nos questionam sobre nossa prática clínica que trabalhamos, sim, com atividades do Senso Comum, mas a essência e a excelência de profissionais que constroem cotidianos a partir da relação e das experiências peculiares ao nosso Setting Terapêutico.
Ocupar-se da Terapia Ocupacional é não se abater e calar diante da escassez de teorias a respeito da verdadeira identidade da Terapia Ocupacional. É buscar, buscar, buscar, em nosso setting, as perguntas e respostas que irão nos nortear na construção complexa e imprescindível de elementos teóricos que caracterizem verdadeiramente a Terapia Ocupacional.
Ocupar-se da Terapia Ocupacional é questionar a todo momento sobre a ética e a estética da nossa prática clínica, para que a Terapia Ocupacional sobreviva. Ocupar-se da Terapia Ocupacional é participar ativamente dos debates e embates com os demais profissionais da saúde, demarcando território e defendendo com propriedade o que é só nosso.
Ocupar-se da Terapia Ocupacional é poder experimentar, vivenciar a chegada e a partida de sujeitos que, com o nosso investimento pessoal e a nossa prática clínica, conseguem seguir o caminho ocupando-se de suas próprias vidas. Ocupar-se da Terapia Ocupacional é também poder chegar ao momento de desocupar-se dela de forma serena e permanecer aliada com outras profissões para o bem estar e desenvolvimento do sujeito em questão.
Desocupar-se da Terapia Ocupacional é poder aprender tudo o quanto é possível para tornar-se feliz e com a máxima independência, autonomia e segurança para o resto da vida. É também pensar o quanto o profissional conseguiu auxiliar-se nessa construção de alcançar objetivos, conhecer e aprimorar as habilidades conquistadas ao longo do tratamento. E fazer dele seu cúmplice nos momentos de angústias e incertezas, mas também nas glórias seu maior aliado.
* Publicado originalmente na Revista Ceto - ano 10 - nº 10- 2007
Priscila Straatmann Morél - priscilato@espacodomquixote.com.br
Terapeuta Ocupacional e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote
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