No dia 12 de setembro, o jornal Zero Hora publicou uma reportagem no Caderno Meu Filho sobre o grupo de ambientoterapia realizado por nossa equipe.
A seguir o texto:
O AMBIENTE COMO TERAPIA: crianças autistas apresentam melhoras com um tratamento baseado em experiências cotidianas.
Um tratamento baseado nas experiências com o próprio ambiente está trazendo alívio para crianças e familiares que transitam no enigmático universo autista: a ambientoterapia, na qual profissionais estimulam o desenvolvimento e a socialização infantil. Os benefícios da técnica foram avaliados na pesquisa realizada de uma clínica especializada e apresentados no Congresso Internacional de Autismo, em Curitiba, no fim do mês passado.
- Temos tido resultados eficazes. Em vez do tratamento convencional, em que há um profissional para cada criança, há várias crianças e vários profissionais interagindo constantemente - explica a psicóloga Fabíola Scherer Cortezia, responsável pelo Espaço Dom Quixote, de São Leopoldo, que fez o estudo.
Seis crianças foram acompanhadas por um ano, duas vezes por semana, três horas por dia, de forma transdisciplinar por psicóloga, psicopedagoga, terapeuta ocupacional, psicomotricista, fonoaudióloga e musicoterapeuta.
A pesquisa aponta que as seis crianças demonstraram, após dois meses, maior tempo de troca de olhares com os profissionais estimuladores, incremento no vocabulário, maior tolerância ao barulho e menor agressividade. Após seis meses, foi possível perceber também maior tolerância à mudança de rotina e sinais de troca e interação social espontânea entre as crianças do grupo. Depois de 12 meses, os benefícios continuaram.
- Buscamos estimular a interação da criança com outros colegas e não apenas a interação com o terapeuta. Há também a vantagem de que simulamos o ambiente com os pacientes, preparando-os para o convívio social por meio de atividades usuais do cotidiano, como passeios, lanches, brincadeiras em grupo, atividades pedagógicas e motoras - explica Fabíola.
O chefe da Unidade de Neuropediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rudimar dos Santos Riesgo, explica que a ambientoterapia pode ser um tratamento eficaz porque atinge a interação social, elemento central do desenvolvimento humano, mas que, no autista, é uma das principais dificuldades encontradas. Isso compromete o estado emocional, as trocas afetivas, o desenvolvimento da linguagem e as estruturas de aprendizagem.
É cedo para comemorar, porque a causa ainda é desconhecida e a maioria dos tratamentos sequer tem comprovação científica. Mas, aos poucos, as pesquisas estão avançando. Já se sabe que há o componente genético e está se estudando a influência de fatores orgânicos - afirma.
O autismo também pode ser tratado por meio da psicanálise.
- A diferença é que a psicanálise não considera padrões de normalidade, e sim pela diferença. Ela enxerga o autismo como um isolamento do mundo, uma proteção, uma defesa - observa a psicóloga Rosane Padilha, doutora na área pela Paris VII, que está ministrando, na Capital, o Atelier de Psicanálise do Autismo, para profissionais que lidam com esses pacientes.
A seguir o texto:
O AMBIENTE COMO TERAPIA: crianças autistas apresentam melhoras com um tratamento baseado em experiências cotidianas.
Um tratamento baseado nas experiências com o próprio ambiente está trazendo alívio para crianças e familiares que transitam no enigmático universo autista: a ambientoterapia, na qual profissionais estimulam o desenvolvimento e a socialização infantil. Os benefícios da técnica foram avaliados na pesquisa realizada de uma clínica especializada e apresentados no Congresso Internacional de Autismo, em Curitiba, no fim do mês passado.
- Temos tido resultados eficazes. Em vez do tratamento convencional, em que há um profissional para cada criança, há várias crianças e vários profissionais interagindo constantemente - explica a psicóloga Fabíola Scherer Cortezia, responsável pelo Espaço Dom Quixote, de São Leopoldo, que fez o estudo.
Seis crianças foram acompanhadas por um ano, duas vezes por semana, três horas por dia, de forma transdisciplinar por psicóloga, psicopedagoga, terapeuta ocupacional, psicomotricista, fonoaudióloga e musicoterapeuta.
A pesquisa aponta que as seis crianças demonstraram, após dois meses, maior tempo de troca de olhares com os profissionais estimuladores, incremento no vocabulário, maior tolerância ao barulho e menor agressividade. Após seis meses, foi possível perceber também maior tolerância à mudança de rotina e sinais de troca e interação social espontânea entre as crianças do grupo. Depois de 12 meses, os benefícios continuaram.
- Buscamos estimular a interação da criança com outros colegas e não apenas a interação com o terapeuta. Há também a vantagem de que simulamos o ambiente com os pacientes, preparando-os para o convívio social por meio de atividades usuais do cotidiano, como passeios, lanches, brincadeiras em grupo, atividades pedagógicas e motoras - explica Fabíola.
O chefe da Unidade de Neuropediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rudimar dos Santos Riesgo, explica que a ambientoterapia pode ser um tratamento eficaz porque atinge a interação social, elemento central do desenvolvimento humano, mas que, no autista, é uma das principais dificuldades encontradas. Isso compromete o estado emocional, as trocas afetivas, o desenvolvimento da linguagem e as estruturas de aprendizagem.
É cedo para comemorar, porque a causa ainda é desconhecida e a maioria dos tratamentos sequer tem comprovação científica. Mas, aos poucos, as pesquisas estão avançando. Já se sabe que há o componente genético e está se estudando a influência de fatores orgânicos - afirma.
O autismo também pode ser tratado por meio da psicanálise.
- A diferença é que a psicanálise não considera padrões de normalidade, e sim pela diferença. Ela enxerga o autismo como um isolamento do mundo, uma proteção, uma defesa - observa a psicóloga Rosane Padilha, doutora na área pela Paris VII, que está ministrando, na Capital, o Atelier de Psicanálise do Autismo, para profissionais que lidam com esses pacientes.
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