Imagine a seguinte cena: uma festa de aniversário de criança. O que você vê? Balões coloridos espalhados pelo salão, brinquedos dos mais diferentes desafios e emoções para entreter as crianças; doces e salgados que, além de saborosos, enchem os olhos com seus formatos e variedades. Para completar a cena, uma música ensurdecedora e gritante estimulando as crianças a pularem mais, dançarem mais, gritarem mais, sorrirem mais, tudo mais.
No meio deste cenário encontramos nossos personagens: crianças lindamente arrumadas, vestidas, penteadas e perfumadas correndo, gritando, divertindo-se, alheias a tudo em volta, querendo usufruir de tudo o que está à sua disposição. De preferência ao mesmo tempo.
No outro canto do salão estão os pais, adultos deslocados neste ambiente, tentando manter uma conversa. Vez por outra o olhar procura o filho ou a filha no meio da confusão para certificar-se de que já estão dessarrumados(as), despenteados(as) e suados(as). As mães, sempre preocupadas, tentam convencer as crianças a comerem alguma coisa. Às vezes vemos alguma “correndo” atrás dos filhos com um pratinho na mão tentando colocar algo na boca enquanto brincam.
Tudo em vão, eles não querem comer, não tem fome, não tem tempo para saborear o lanche lindamente preparado para eles. Então, são os adultos que comem e ficam a “vigiar” os filhinhos e filhinhas.
Agora, vamos mudar o cenário e imaginar uma casa, com crianças, um ambiente público (shopping, praça) ou uma escola. O que mudou? O cenário com seus balões e brinquedos, seus cheiros e música, mas o volume, a agitação, a euforia e adrenalina continuam nos mesmos personagens.
O que fica desta observação e nos leva a refletir é que nossas crianças não conseguem deter-se numa única atividade, não por estímulo do ambiente, mas por uma urgência interna, uma compulsão a querer mais e o tempo todo.
Estimulamos as crianças com brinquedos coloridos e sonoros, jogos que desafiam e estimulam rápidas conexões, uma agenda repleta de atividades para ocupá-los e estimulá-los, bem como desenvolver todas as áreas de conhecimento. Esquecemos, entretanto, de estimular a observação, a introspecção, a quietude e a reflexão.
As pessoas, de um modo geral, não conseguem mais observar a natureza, ouvir e apreciar o silêncio, perceber sua respiração, os movimentos e sensações do corpo. Aquietar-se e perceber a vida parece ser perda de tempo para muitos.
Queremos crianças competitivas, vencedoras, que dominem todos os conhecimentos e desenvolvam todas as habilidades possíveis. Afinal, queremos que eles sejam adultos de sucesso, que entrem nas melhores universidades, que consigam os melhores cargos e que sejam sempre felizes. Para isso doamos toda nossa energia, nosso tempo, nosso investimento na realização deste sonho, garantindo assim uma vida de sucesso. Será?
Precisamos parar e olhar para a sociedade e seus movimentos. Estamos em transição: a sociedade do consumo exagerado, da competitividade, da individualidade está mudando para uma sociedade de consumo consciente, mais reflexiva, mais coletiva e preocupada com a sustentabilidade do planeta e das relações.
Nossos filhos e filhas estarão preparados para viver nesta sociedade? Acredito que, da forma como os estamos educando não. Nossas crianças e adolescentes precisam ser estimulados a refletir, a observar, a cuidar, a respirar e respeitar, a ouvir e esperar a sua vez, perceber a si a ao outro, ter atitude e tomar decisões voltadas à preservação e não à destruição.
Precisamos estimular nossas crianças à introspecção, no ensino de velhos e bons valores, para que se envolvam e percebam as consequências de suas escolhas. Assim, podemos estar possibilitando que eles sejam pessoas de sucesso, escolhendo uma profissão que os realize, capazes de aproveitar todo o conhecimento disponibilizado, capazes de lidar com os fracassos da vida e transformá-los em experiência. Motivar para a reflexão e a realização é o desafio atual, para isso precisamos estar envolvidos na educação e formação das crianças e adolescentes.
“ A mente humana, até onde a conhecemos, é uma força que funciona ativada por motivações. Um relógio pode bater as horas junto a um ouvido; um objeto pode lançar sua imagem dentro de um campo visual. Mas a mente desatenta não ouvirá nem verá nada.” John Milton Gregory
Janete Cristiane Petry - janetepp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote
No meio deste cenário encontramos nossos personagens: crianças lindamente arrumadas, vestidas, penteadas e perfumadas correndo, gritando, divertindo-se, alheias a tudo em volta, querendo usufruir de tudo o que está à sua disposição. De preferência ao mesmo tempo.
No outro canto do salão estão os pais, adultos deslocados neste ambiente, tentando manter uma conversa. Vez por outra o olhar procura o filho ou a filha no meio da confusão para certificar-se de que já estão dessarrumados(as), despenteados(as) e suados(as). As mães, sempre preocupadas, tentam convencer as crianças a comerem alguma coisa. Às vezes vemos alguma “correndo” atrás dos filhos com um pratinho na mão tentando colocar algo na boca enquanto brincam.
Tudo em vão, eles não querem comer, não tem fome, não tem tempo para saborear o lanche lindamente preparado para eles. Então, são os adultos que comem e ficam a “vigiar” os filhinhos e filhinhas.
Agora, vamos mudar o cenário e imaginar uma casa, com crianças, um ambiente público (shopping, praça) ou uma escola. O que mudou? O cenário com seus balões e brinquedos, seus cheiros e música, mas o volume, a agitação, a euforia e adrenalina continuam nos mesmos personagens.
O que fica desta observação e nos leva a refletir é que nossas crianças não conseguem deter-se numa única atividade, não por estímulo do ambiente, mas por uma urgência interna, uma compulsão a querer mais e o tempo todo.
Estimulamos as crianças com brinquedos coloridos e sonoros, jogos que desafiam e estimulam rápidas conexões, uma agenda repleta de atividades para ocupá-los e estimulá-los, bem como desenvolver todas as áreas de conhecimento. Esquecemos, entretanto, de estimular a observação, a introspecção, a quietude e a reflexão.
As pessoas, de um modo geral, não conseguem mais observar a natureza, ouvir e apreciar o silêncio, perceber sua respiração, os movimentos e sensações do corpo. Aquietar-se e perceber a vida parece ser perda de tempo para muitos.
Queremos crianças competitivas, vencedoras, que dominem todos os conhecimentos e desenvolvam todas as habilidades possíveis. Afinal, queremos que eles sejam adultos de sucesso, que entrem nas melhores universidades, que consigam os melhores cargos e que sejam sempre felizes. Para isso doamos toda nossa energia, nosso tempo, nosso investimento na realização deste sonho, garantindo assim uma vida de sucesso. Será?
Precisamos parar e olhar para a sociedade e seus movimentos. Estamos em transição: a sociedade do consumo exagerado, da competitividade, da individualidade está mudando para uma sociedade de consumo consciente, mais reflexiva, mais coletiva e preocupada com a sustentabilidade do planeta e das relações.
Nossos filhos e filhas estarão preparados para viver nesta sociedade? Acredito que, da forma como os estamos educando não. Nossas crianças e adolescentes precisam ser estimulados a refletir, a observar, a cuidar, a respirar e respeitar, a ouvir e esperar a sua vez, perceber a si a ao outro, ter atitude e tomar decisões voltadas à preservação e não à destruição.
Precisamos estimular nossas crianças à introspecção, no ensino de velhos e bons valores, para que se envolvam e percebam as consequências de suas escolhas. Assim, podemos estar possibilitando que eles sejam pessoas de sucesso, escolhendo uma profissão que os realize, capazes de aproveitar todo o conhecimento disponibilizado, capazes de lidar com os fracassos da vida e transformá-los em experiência. Motivar para a reflexão e a realização é o desafio atual, para isso precisamos estar envolvidos na educação e formação das crianças e adolescentes.
“ A mente humana, até onde a conhecemos, é uma força que funciona ativada por motivações. Um relógio pode bater as horas junto a um ouvido; um objeto pode lançar sua imagem dentro de um campo visual. Mas a mente desatenta não ouvirá nem verá nada.” John Milton Gregory
Janete Cristiane Petry - janetepp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote
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