Freqüentar a escola é o segundo maior desafio emocional da criança, depois de passar a dormir sozinha. Naturalmente, um pouco de ansiedade é normal como qualquer situação nova. A criança sai da sua zona de conforto para um mundo de exigências com as quais não está acostumada, o que também assusta alguns pais.
Em geral, os pais desejam que a criança tenha contato com pessoas e situações evolutivas, mas às vezes é normal a incerteza em permitir que vá. As razões inconscientes dessa ansiedade de separação variam: é difícil para quem têm filhos pequenos ou retraídos deixá-los aos cuidados de outras pessoas; os pais podem ter dificuldade de ficar sozinhos; também pode ser excesso de proteção, às vezes os pais revivem sua própria ansiedade do tempo da escola e projetam nas crianças; por outro lado também pode ser bem difícil admitir que o filho se sinta feliz longe de casa. A intuição da criança capta isso, reage não querendo ir à escola.
Estar em um ambiente onde teme que não gostem dela e ainda assim estudar e aprender envolve expectativas; crianças com autoestima depreciada frequentemente produzem pouco e sofrem quando suas falhas são ridicularizadas; o que pode se tornar um círculo vicioso, em conseqüência, seu nível de ansiedade também cresce. Este medo é considerado tão forte quanto o de uma agressão física e pode aterrorizá-la ao ponto de caracterizar a condição de aluno como aversiva.
Compreenda o que a criança está sentindo. Você se lembra do colégio? A professora diz: “venha até aqui e mostre para classe”. Ficar em pé, sozinho, em frente à classe é uma oportunidade para que todos os colegas examinem a aparência, roupas, cabelo e se sinta terrivelmente exposto às críticas. A mera expectativa de ser chamado e cometer um erro podem ser fator de pânico e fuga.
Tente saber qual é o problema que está preocupando a criança. É importante que ela sinta confiança para falar de suas dificuldades. Diga-lhe, de maneira firme e compreensiva, que independente do que estiver acontecendo ela terá sempre apoio, mas deve frequentar a escola. Não permita que falte a aula nem atrase, inclusive nos dias de frio e chuva que sempre existirão, lembre-se que a disciplina e a responsabilidade estão sendo desenvolvidas, portanto dê o exemplo.
Se for necessário acompanhe até a escola, deixando claro quando e onde será pega pontualmente na hora da saída; mas não permaneça lá porque sua presença interfere na rotina das outras crianças e dificulta a adaptação às regras que precisa acontecer o mais rápido possível.
O importante é que ela saiba que a situação desagradável vai se transformar à medida que se aproximar das pessoas, realizar as tarefas, sentir confiança em sua capacidade criativa, além de ser incentivada por mérito a cada progresso diário.
Ninguém pode nem deve proteger uma criança de todas as experiências sentidas como negativas. São situações úteis para desenvolver a autonomia. Porém, nunca minimize os seus medos; os sentimentos existem e precisam ser reconhecidos para serem enfrentados. Algumas das mais dolorosas lutas emocionais começam com pais críticos e rígidos, que forçam suas crianças ao confronto com suas ansiedades, sem auxílio por pensarem que dessa forma evitam uma pessoa futuramente frágil. Finalmente o que se verifica é que todos os excessos são nocivos. O ideal é tentar encontrar o equilíbrio, permeado pelo diálogo onde não se fuja dos desafios, mas que eles possam ser compartilhados em família com afetividade que encoraje sucessos e alegrias. Caso o problema persista, procurar um especialista na área é a opção mais indicada!
Andréa de Espíndola – Psicóloga e psicomotricista do Espaço Dom Quixote
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