O que fazemos ou pensamos quando vemos uma criança com movimentos descontrolados ou ações destrutivas? Que mexe em tudo e não guarda nada, tem momentos agressivos e não se consegue impor limites?
Primeiramente pensamos que essas crianças são hiperativas ou são muito agitadas. Depois é necessário entender o contexto de tanta agitação e desorganização corporal.
É então que percebemos um quadro de sintomas psicomotores como defesa de algo que vem acontecendo e se visualiza no corpo (na sua imagem e esquema corporal). A criança que apresenta um sintoma psicomotor cai numa armadilha. Armadilha essa que impede a criança de conquistar seu próprio espaço separado do Outro.
Com isso chegamos a um dos quadros de distúrbios psicomotores mais complexos – a Instabilidade Psicomotora. Tendo como características clinicas: atividade muscular contínua e incessante, criança desajeitada, sua aparência cheia de torpor e inabilidade, instabilidade emocional e intelectual, falta de atenção e concentração, as tarefas não são concluídas, falta de coordenação geral e coordenação motora fina, hiperatividade e equilíbrio prejudicado, deficiência na formulação de conceitos e no processo de percepção, alteração da palavra e da comunicação, alterações do sono, alterações no processo do pensamento abstrato, dificuldades de escolaridade.
Dentro deste contexto de sintomas que é dado a ver pelo olhar do Outro do qual não se consegue separar, a criança fica situada na turbulência do seu movimento e do seu corpo que continuam no olhar do Outro. Sendo assim, é necessário oferecer um espaço diferente, onde a criança possa criar e recriar, fazer e desfazer, um espaço aberto ao seu desejo onde a criança possa se ver na posição em que ocupa e na que é situado pelo Outro.
Nada melhor do que dar voltas em torno de uma coisa. É poder criar, transformar e se transformar dentro de atividades que promovam a aventura da descoberta de objetos, texturas e muita imaginação. Onde a criança se envolva em sua totalidade.
Dica de leitura:
A clínica psicomotora: o corpo na linguagem – Esteban Levin. Editora Vozes/2009
Priscila Straatmann Morél - priscilato@espacodomquixote.com.br
Terapeuta Ocupacional e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote
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