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Uma profissão que é Fórmula de Vida


Não preciso de teste especial para conhecer o valor e o rendimento de um pastor. Se faz o trabalho com prazer e se interessa profundamente pela profissão, posso ter a certeza de que os animais serão bem tratados. A técnica virá depois, se ainda faltar, e, enquanto isso, a solicitude permanente do pastor saberá atenuar as insuficiências profissionais.

Quando vejo o camponês inspecionar amorosamente o seu domínio, inclinando-se para as vergônteas como o pastor para os seus cordeiros, não preciso fazer um longo inquérito sobre suas virtudes de agricultor. Desde que a miséria, os fracassos ou a exploração não o desanimem de um trabalho que é a sua vida, logo ele se tornará perito numa arte em que a técnica morta não poderia bastar.

Se me disserem que existe um método pedagógico que dá às crianças esse amor pela profissão e o gosto por um trabalho que é a expressão do ser; se acrescentarem que esse método proporciona, ao educador, esse mesmo sentimento de participação e de plenitude que ilumina a profissão de camponês e humaniza a tarefa ingrata do pastor; se eu vir os educadores que praticam esse método retomar vida e entusiasmo, não preciarei de mais informações: esse é o método bom. Bastará estabelecer e generalizar o seu uso, preservando-o dos principais perigos que as forças de estagnação e de reação fazem correr a todos os empreendimentos inteligentes. E, sobretudo, seria necessário lembrar aos pais e aos professores que um educador que já não tem gosto pelo trabalho é um escravo do ganha-pão e que um escravo não poderia preparar homens livres e ousados; que você não pode preparar os alunos para construírem, amanhã, o mundo dos seus sonhos, se você já não acredita nesta vida; que você não poderá mostrar-lhes o caminho se permanecer sentado, cansado e desanimado, na encruzilhada dos caminhos.

“Reencontrei a dignidade de uma profissão que é, para mim, fórmula de vida”, dirá o educador moderno.

Imite-o!...

Freinet, Célestin. Pedagogia do bom senso.


Para que o professor seja este inspirador precisa, também, inspirar-se. Respirar uma vida além da sala de aula, cultivar um projeto de vida que ultrapasse suas metas profissionais. Cuidar de si antes de cuidar dos outros. Afinal ninguém nasce professor, faz-se professor no exercício da profissão e na profissionalização do seu saber.

Na humanização da educação é preciso desenvolver relações entre os sujeitos envolvidos e o conhecimento, sentido da educação.

Na relação destes sujeitos o professor tem um papel muito importante como espelho para os alunos. Um espelho precisa refletir uma imagem nítida para que aqueles que o olham possam ver refletido mais do que a realidade, vejam os sonhos, os projetos, a vida.

Cada um de nós precisa continuar sonhando, buscando crescer, melhorar a cada dia como pessoa e na busca da felicidade.

Nunca deixe de olhar para o reflexo de sua vida com paixão e esperança para que sua vida faça sentido e possa refletir nos outros esta mesma imagem.


Janete Cristiane Petry - janetepp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote

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