Quem canta seus males espanta. Esse dito popular provavelmente surgiu do fato de muitos concordarem que o cantar nos faz sentir melhor, muda nosso estado de humor e pode até nos fazer esquecer os problemas.
Será isso um mito ou uma verdade? Há algo de científico nessa afirmação?
O cantar tornou-se alvo de pesquisa, trazendo dados importantes não só para músicos, médicos, musicoterapeutas, mas também para a saúde de todos em geral. Há médicos que recomendam o cantar como forma de diminuir o estresse e outros benefícios como os que serão citados. Ultimamente, há diversas pesquisas na área mostrando que cantar aumenta a atividade cerebral, desenvolvendo diversas de suas funções, ativa áreas cerebrais ligadas à atenção, às emoções positivas, à linguagem, ao prazer (ativando a mesma área responsável pelo prazer causado por drogas, sexo ou comida) além de diminuir o nível de cortisol (hormônio do estresse), liberar endorfinas, aumentar as concentrações de imunoglobulina A (hormônio responsável pelo sistema imunológico), equilibrar o sistema neurovegetativo, reforçar a atividade dos nervos parassimpáticos (responsáveis pelo relaxamento do corpo), melhorar a concentração e a memória, entre outros benefícios.
Comprovou-se então que o cantar realmente promove um bem estar físico e mental, sendo perfeitamente capaz de deixar de lado os males que nos perturbam, as más sensações, trazendo disposição e bom humor. Porém, tive uma professora na faculdade que dizia que não, quem canta não espanta seus males, e sim, os resolve!
O cantar é pré-historicamente um meio de expressão e comunicação. Quantas vezes não conseguimos nomear em palavras o que estamos sentindo? Já dizia o poeta Victor Hugo, a filósofa Susanne Langer e hoje confirma o neurologista Oliver Sacks: “Cantar pode expressar pensamentos e sentimentos que em dado momento não têm possibilidade de ser expressos pela fala”.
O cantar é tão influenciado pelas emoções que estas afetam a qualidade e o controle da voz, tornando-se perceptíveis através dos elementos não verbais da voz. Ajustamos a velocidade, intensidade, projeção, inflexão, articulação da voz à nossa emoção, mesmo sem intenção. Por exemplo, tons mais graves, melodia descendente, intensidade fraca e andamento lento muitas vezes estão relacionados com tristeza e os tons agudos, trazendo junto inflexões, maior velocidade, extensão vocal e previsibilidade na melodia, vinculam-se com a alegria.
Visto que o cantar envolve o ser humano como um todo, tanto o intelectual, quanto o social por ser um meio aprendido, o físico pelo instrumento ser o nosso próprio corpo e o emocional, onde além de ser a pura expressão das emoções que estamos sentindo, é capaz de modificar nosso estado de humor, ele mostra-se um eficaz procedimento para terapia, sendo capaz de resolver os males.
O canto e as canções fazem parte da nossa identidade, do nosso dia-a-dia, evocam lembranças e/ou provocam emoções, nos revelando por inteiro. Assim, pode-se aliviar as tensões, aprimorar a comunicação, promover o equilíbrio emocional, desenvolver a percepção, desenvolver a integração interpessoal, entre outros. O cantar na Musicoterapia é especialmente eficaz para pessoas com depressão, demência, recuperando lembranças perdidas, pessoas com dor crônica, diminuindo a quantidade de medicação, na recuperação da fala em pessoas com afasia, onde não consegue-se falar, mas consegue-se cantar, recuperando parte da fala, enfim, qualquer pessoa que queira resolver seus problemas, cantando.
O Musicoterapeuta analisa o comportamento da pessoa através do seu cantar, que traz uma supremacia de informações sobre a voz falada. Na Musicoterapia alcança-se os objetivos terapêuticos de cada paciente através desse rico universo que revela afetos vividos no passado, problemas do tempo presente e até desejos futuros. Todas essas questões podem ser trabalhadas e desenvolvidas pelo cantar na Musicoterapia, independente da afinação.
Para as crianças o cantar é fundamental para incentivar a fala. Na infância e adolescência o cantar na Musicoterapia é de grande importância, desinibe, melhora o equilíbrio emocional, as relações interpessoais, aumenta a autoestima, atenção, criatividade, capacidade intelectual, sendo extremamente relevante para se tornar uma pessoa mais confiante e preparada para o convívio social e para a vida.
Em Tóquio, criou-se um ônibus musical, onde diariamente os passageiros recebem os textos de músicas e cantam passeando pela cidade. A iniciativa surgiu a partir de pesquisas por Kazutomi Kanemaru que mostram muitos benefícios do cantar para saúde, melhorando a qualidade de vida e retardando os efeitos da velhice.
Sendo assim, cante! Cante com vontade, cante o que está com vontade de cantar, não tenha vergonha, deixe suas emoções saírem, se sentirá aliviado, afastará seus problemas ou procure um Musicoterapeuta para auxiliar você a resolvê-los e aumentar sua qualidade de vida.
O Cantar da mãe para o seu bebê é fundamental para o bom desenvolvimento da criança! Informe-se sobre o Grupo para Gestantes e o Grupo de Estimulação Precoce do Espaço Dom Quixote!!
Luciana Steffen – lucianamt@espacodomquixote.com.br
Musicoterapeuta do Espaço Dom Quixote
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