É preocupante o índice de negligência que as crianças brasileiras vêm sofrendo com a influência da mídia, especialmente a música de má qualidade feita nos últimos vinte anos. Como no caso do “pancadão rebolation”, elas contatam prematuramente com a sensualidade antes mesmo de aprenderem a ler, o que é um erro muito mais significativo do que parece.
Foi pensando numa forma de acabar com isso que surgiu a campanha “DIGA NÃO À EROTIZAÇÃO INFANTIL”. A idéia é usar a internet para uma causa nobre, defender a importância da música na formação do caráter e da personalidade da criança bem como os perigos da erotização precoce.
O desafio é enorme por abranger os interesses lucrativos de todos os meios de comunicação, no qual os pequenos são convertidos em consumidores mirins, porque foi constatado que capturados desde muito jovens tendem a ser mais fiéis a marcas, modas e ao próprio vício consumista que lhe é imposto.
Ou seja, a questão toma proporções de violência, embora não haja interesse em responsabilizar os culpados. Inclusive já foi comprovado que crianças que aprendem a gastar e agir de forma inconsequente desenvolvem princípios morais distorcidos, tornando-se um problema de ordem ética, econômica e social.
Pode-se evitar isso, se efetivamente a infância for preservada em sua essência como o tempo absolutamente necessário para a formação da cidadania. Indivíduos conscientes e responsáveis são a base de uma sociedade mais justa e fraterna, que tenham a qualidade de vida como uma realidade a ser alcançada.
Implica também em selecionar os canais de informação e entretenimento para aqueles que ainda não dispõem de discernimento para fazê-lo. Pois há um tipo de música que realmente valoriza a riqueza da infância, aperfeiçoa a sensibilidade, o humor, faz emergir a criatividade, desinibe, autoriza a expressividade do corpo e da alma revelando as habilidades e dificuldades da criança.
Aliás, a mídia foi a primeira a reconhecer o poder da música, que o som é capaz de promover estímulos, alcançar pontos onde a linguagem verbal por vezes não consegue chegar, que aprimora a habilidade motora, o controle dos músculos, que o ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso, favorecendo a descarga emocional e aliviando as tensões, porém tudo isto vem sendo realizado de modo absolutamente irresponsável.
Sem qualquer preocupação com o significado do movimento nas coreografias, a mensagem que é transmitida nas letras, nem os sentimentos que são evocados e que na maioria das vezes a criança não sabe como lidar. Porque esta é a função dos adultos, sejam pais ou psicomotricistas, de oferecer atividades que estimulem a consciência corporal para a expressividade de um corpo que pensa, se movimenta e sente como uma pessoa que está descobrindo as suas possibilidades no mundo. Sendo assim, então por que não lhe apresentar o melhor?
Blog da campanha: http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/
14/07/1789. Dia da queda da Bastilha. Dia da Liberdade de Pensamento.
Andréa de Espíndola - andreapsico@espacodomquixote.com.br
Psicóloga e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote.
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