Atualmente, ao falar-se em bebês de alto risco ou prematuros, logo pensamos no Método Mãe-Ganguru. Neste método valoriza-se o contato pele a pele e formação de vínculo familiar. Normalmente o bebê é colocado junto ao peito da mãe envolvido por uma fraldinha que “abraça” os dois. Neste momento, o bebê se acalma e aceita melhor os toques invasivos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). É importante fazer a ressalva que somente bebês com um quilo podem participar do método.
Assistindo a uma cena da novela Cama de Gato, percebi que outro termo anda circulando pelas UTIs neonatais: o pai-canguru. Tão importante quanto a mãe nesta fase de recuperação e ganho de peso para enfim sair da incubadora. Mas, é importante que o pai esteja seguro para abraçá-lo.
Ao contrário do que se pensa, os homens não se assustam com a responsabilidade de serem pais-canguru. O choque inicial, ao ver o bebê cheio de fios é superado pela segurança ao pegar o bebê. Neste momento, ocorre a perda do sonho do bebê saudável e passa-se a sonhar com aquele pequeno bebê que necessita de auxilio.
O desenvolvimento da criança, neste período depende muito da díade primária (mãe-filho/ pai-filho) que o conecta ao mundo externo permitindo que ele tome consciência de cada ambiente. A díade primária, depois de consolidada pelo apego emocional, resignifica a dor dando condição para a existência ou não da situação sofrida. Essa relação se estabelece através do olhar e do reconhecimento da voz materna e paterna. Depois, ao longo da internação, a relação funciona pelo toque prazeroso e pelo aconchego do colo proporcionando a estruturação do sujeito e a valorização do vínculo amoroso tão essencial neste momento.
Interessante pensar que esse contato, essa troca de olhares e de conversas baixa, consideravelmente, o nível de cortisol no sangue do bebê (o hormônio do estresse), deixando o bebê mais calmo e menos choroso. Mais receptivo ao tratamento e ganhando 100 gramas ao dia. Suas condições vão melhorando e a quantidade de aparelho e fios vão diminuindo.
Gosto de pensar que nesse momento são três corações batendo em prol de um, um pequeno ser em desenvolvimento, frágil e envolvido no corpo do pai agora já que a mãe o levou por alguns meses em seu corpo.
Trabalho bonito. Aos pais com carinho.
Priscila Straatmann
Terapeuta Ocupacional e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote
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