Apesar de ter vários amigos e ser apaixonado por uma linda bisnaga, Osmar ainda lembra com tristeza do fato de haver sido, na infância, preterido por outras fatias de pão do pacote por ter um dos seus lados tostadinhos. Assim, um pouco inseguro e ansioso por obter reconhecimento, porém muito carismático, é o protagonista de Osmar – a primeira fatia do pão de forma, animação brasileira que estreou no final de novembro no canal a cabo Gloob.
Com referências ácidas e irônicas, no estilo dos Simpsons, a série dialoga com público de diferentes idades. Os episódios se passam na cidade de Trigueirópolis, uma enorme mesa de café da manhã: as ruas são pavimentadas com toalhas de mesa e os prédios são caixas de leite, garrafas térmicas e todo tipo de utensílios de cozinha. Destaque passa as sessões de terapia de Osmar com o psicólogo Dr. Croissant, em cujo consultório pende um retrato do cachorro-quente psicanalista Weeniemund Dog. Nas conversas, são tratados temas como bullying, relações com as redes sociais e a permanente cobrança social em parecer feliz e bem-sucedido. O desenho também será transmitido pelo canal aberto TV Cultura.
(texto da Revista Mente e Cérebro, ano XX, nº 251)
Refletir com as crianças sobre temas que fazem parte do dia-a-dia, das relações sociais, da formação da sociedade e de seus valores é fundamental para desenvolver aspectos morais e emocionais. As crianças, cada vez mais cedo, ingressam na escola, convivem com as famílias dos coleguinhas, interagem com pessoas nos diferentes ambientes que frequentam, sem a presença dos pais para orientá-las nas decisões a tomar e no posicionamento a ter diante de certas cenas e situações.
É importante desenvolver a autonomia em pequenas e simples tarefas, mas também é importante desenvolver o raciocínio e a responsabilidade na tomada de decisões, sabendo sempre julgar e decidir seguindo o princípio do respeito e da valorização do outro.
Desenhos como este podem servir de ponto de partida para discussões e reflexões em família. É sempre importante que os pais acompanhem a programação da televisão da criança para conhecer o teor das discussões e possam argumentar com as crianças.
Alguns adultos não se sentem à vontade com crianças que argumentam e confundem a argumentação com falta de respeito às decisões dos adultos. É importante ensinar à criança sobre a diferença entre a argumentação reflexiva e o retrucar desrespeitoso que algumas crianças tem e alguns adultos acham “bonitinho”.
Para evitar que a indiferença, o desrespeito, a injustiça e a violência sejam o modelo nas relações entre as pessoas, ou a falta de relação, precisamos ensinar as crianças, desde cedo, a refletir sobre estas atitudes e ajudá-las a desenvolver a criticidade, o respeito, a generosidade e o diálogo na mediação de suas relações com os colegas e demais pessoas.
Oportunizar a reflexão e a autonomia com responsabilidade é muito importante no desenvolvimento emocional e moral de nossas crianças e na formação do caráter de cada um.
Janete Cristiane Petry - janetepp@espacodomquixote.com.br
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote
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