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Percepção do estado nutricional da criança no contexto familiar



Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que o excesso de peso atinge aproximadamente 42 milhões de crianças menores de cinco anos de idade. Atentando a este alarmante dado, entende-se que a prevenção da obesidade nesta faixa etária seria a melhor alternativa para desacelerar a incidência desta doença. 

Sabe-se que as intervenções bem-sucedidas dependem do envolvimento dos pais, uma vez que estes são modelos de conduta para seus filhos. São eles as figuras responsáveis pela alimentação e nutrição da criança, no que diz respeito à quantidade e/ou qualidade da dieta. No entanto, estudos indicam que a falta de envolvimento dos pais no tratamento nutricional seria um dos maiores entraves no sucesso da intervenção. É sugerido que essa ausência de comprometimento dos pais tem como base justamente a falta de percepção do peso real da criança e suas possíveis implicações na saúde dos filhos a curto e longo prazo. 

O estudo de Tenorio e Cobayashi (2011) teve como objetivo revisar as pesquisas atuais sobre a capacidade dos pais para perceber o peso corporal dos filhos, as crenças relacionadas ao peso e os fatores que influenciam esta percepção. Os achados centraram-se no fato de que a percepção dos pais quanto ao peso dos filhos é baixa, independente da região em que residem, do nível socioeconômico e do grau de escolaridade. Muitos pais de filhos com excesso de peso não reconhecem ou não consideram que este seja um problema de saúde. Com relação aos fatores que influenciam a percepção, destacam-se a idade das crianças (quanto menor, menos se percebe o excesso de peso); o sexo (o peso das meninas é percebido corretamente); a baixa escolaridade e o não entendimento das curvas de crescimento utilizadas pelos profissionais de saúde. 

Os pesquisadores concluem que a falta de consciência do excesso de peso e dos fatores de risco relacionados a esta condição dificultam o sucesso da prevenção e tratamento da obesidade infantil. Referem que a prevenção é um método efetivo para o controle da obesidade nesta faixa etária, porém, é necessário um melhor entendimento dos fatores associados ao comportamento dos pais para estimular um comprometimento maior no tratamento da obesidade. 

Fonte: TENORIO, AS & COBAYASHI, F. Obesidade infantil na percepção dos pais. Rev Paul Pediatr 2011;29(4):634-9. 


Daniele Santetti - danielenutri@espacodomquixote.com.br
Nutricionista do Espaço Dom Quixote 
Mestranda em Saúde da Criança e do Adolescente –UFRGS 

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