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Cada um na sua cama!



Todos os dias recebo pedidos de ajuda de pais que não estão dormindo direito porque precisam dividir a sua cama com o filho, ou os filhos... Até fico pensando que a cama “king size” foi inventada para que coubesse toda a família.


Fico pensando porque hoje é tão difícil manter os filhos nas próprias camas se “no meu tempo de infância” não era? Lembro-me que o quarto dos pais era um lugar muito privado, quase sagrado, só entrávamos em últimos casos, afinal, aquele era o quarto do papai e da mamãe... No meio da noite, às vezes, até fazíamos uma visitinha depois de um pesadelo com o bicho papão ou a bruxa malvada, mas com muita paciência e limites, nossos pais (geralmente a mãe) nos levava de volta para nossos quartos, acendia a luz, mostrava que estava tudo bem, ficava ali um pouquinho e depois nos deixava enfrentar nosso medo na certeza de que, se ele fosse muito grande, tinha alguém no quarto ao lado.


Como os pais fazem hoje?


“Coitadinho dele, não fica no quarto, fica com medo, então vem pé por pé para nossa cama, como está frio e eu estou muito cansada(o), deixo... Agora já virou hábito, mas coitadinho, tem medo, medo do escuro, medo de bicho papão...”


Pois é, papais e mamães, nós também tínhamos nossos medos e sobrevivemos a eles! É bem difícil, sim, mas nos ensinou a enfrentar nossas inseguranças, a entender que bicho papão é personagem de história de faz-de-conta e que papai e mamãe precisam de privacidade.


Nas palestras sobre Limites que ministro e diariamente nos atendimentos, digo aos pais que se os filhos estão dormindo na cama deles, das duas uma, ou eles não estão mais vivendo como casal – e ninguém deixa de ser homem e mulher porque se tornou pai e mãe – ou as crianças estão ouvindo tudo e isso sim será mais assustador para os pitocos do que o bicho papão... pelo menos na infância.


Que tal estabelecer a regrinha e fazê-la cumprir? Nos primeiros dias vai ser bem difícil! As crianças tentam, choram, resistem, voltam para nosso quarto, querem vencer pelo cansaço. Não podemos deixar! Uma vez que o hábito de dormir no próprio quarto se estabelece, os pais podem retomar a rotina, dormir mais tranqüilos e até ter uma melhor qualidade de vida, afinal, dormir melhor contribui – e muito – para a qualidade de vida!


Nos primeiros dias vai ser bem cansativo, é preciso ir com a criança para o quarto dela, contar história e ficar até ela adormecer. No meio da noite ela fará uma visitinha e, mesmo no frio e com sono, você terá que levantar e levá-la de volta. No outro dia estará exausta, mas pode festejar a missão cumprida! Estabeleça uma pontuação com seu filho e quando ele atingir um número X de dias dormindo no próprio quarto premie com um passeio bem bacana, com um animal de estimação ou algo que seja bem significativo para ele e que não seja de grande valor material, mas emocional... Prefiro sempre as premiações que representam um valor emocional importante para a criança: amigo dormir na sua casa, um coelhinho de presente, uma partida de futebol com toda a sua turminha que os pais organizarão... Enfim, faça o seu filho perceber que ele venceu um obstáculo e merece ser premiado! Claro que esta premiação não deve vir no primeiro dia, mas deve ser algo conquistado depois de que dormir no próprio quarto virar uma rotina. Um mês é um bom tempo para estabelecer a conquista... um mês dormindo no próprio quarto pode ser recompensado. Mas não devemos deixar que depois disso haja recaída, afinal, depois que virou hábito é só mantê-lo!


Vale a pena tentar! Afinal, isso será mais tranqüilizador para seu filho e para você! Cada um na sua cama!




Fabíola Scherer Cortezia - fabiola@espacodomquixote.com.br

Psicóloga do Espaço Dom Quixote

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