Em geral, todo mundo já experimentou timidez na vida, sem necessariamente se definir como tímido. Isso porque é uma maneira de reagir diante de certas circunstâncias, que pode variar de criança para criança, ou, de um momento para o outro, fazer sofrer mais ou menos, e de definir ou não alguém.
Sentir-se tímido é desconfortável, está associado à vergonha dos próprios sentimentos, de ser observado, de falhar, medo de ser destruído pelo menor deboche ou indiferença em relação as suas fragilidades que são tão particulares e preciosas. É um processo que as crianças mais sensíveis, que valorizam demais as outras pessoas, precisam passar para desenvolver sua autoestima.
A timidez não é falta de coragem, mas um excesso de exigência. Para o tímido se as coisas não funcionam para ele é porque alguma coisa ele está fazendo errado. A vida para o tímido é um grande perigo, por isso precisa se preparar melhor, ainda que tenha de se isolar, numa solidão autoimposta, usada para antecipar possibilidades de ser rejeitado.
Sabe qual história fala disso? A do patinho feio; o patinho é rejeitado por todos porque não se identifica com ninguém, já que nem ele mesmo sabe quem é. Por isso, decide se esconder o inverno inteiro até que tenha se transformado naquilo que ele era de verdade – um cisne, justamente o bicho que ele admirava mais. Ele se descobriu cisne graças à solidão. Transformou a solidão em autoconhecimento e aceitação de si mesmo.
Outro exemplo é o do super-homem. Seu planeta explodiu com toda a sua família nele e na terra não existe ninguém igual a ele. Na vida real, com todos os superpoderes que tem, ele poderia escolher a identidade que quisesse, mas escolheu ser um repórter quase anônimo e tão desajeitado que, a mulher que ele ama, sua colega Miriam Lane, nem nota sua existência, apesar de ser apaixonada pelo super-homem, sua identidade secreta. E Clark Kent, rival de si mesmo, sofre calado. O super-homem é tímido, tem um lugar secreto no pólo norte chamado de fortaleza da solidão onde se afasta do mundo para se fortalecer, e só depois retorna para sua brilhante performance de salvar o planeta.
Então, que fique bem claro que a timidez não é uma doença, mas uma característica de quem prefere viver mais recolhido em si mesmo. Não há nada de errado com isto, desde que não bloqueie as atividades, os relacionamentos e os momentos de diversão. No entanto, se sair do controle poderá sim prejudicar mais que o suportável, facilitando todas as complicações possíveis, fobias e vícios.
Mas, de maneira geral, a timidez não impede ninguém de se realizar pessoalmente. Aliás, as crianças mais tímidas, quando estão seguras, no meio de amigos, fazendo o que gostam, sendo quem são, se permitem coisas que nem os mais extrovertidos fazem.
Inclusive, há inúmeros exemplos de adultos que se consideram tímidos, mas que se destacam extraordinariamente no que fazem: na ciência, no esporte, na música, na literatura, no teatro, no cinema e muitas outras áreas; para isso só precisaram descobrir e desenvolver suas habilidades.
Na sala de psicomotricidade é dada à criança a oportunidade que cada uma delas precisa para se expressar integralmente por meio do movimento. É através do corpo que a criança demonstra o que sente, trabalha suas dificuldades e supera seus medos para ampliar suas experiências e viver mais saudável.
Se a timidez excessiva de você ou de seu filho estão causando sofrimento, vale a pena procurar um profissional para aprender a lidar melhor com isto!
Andréa de Espíndola – Psicóloga e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote
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