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Benjamim foi atrás de sua graça. E você?



Benjamim é um palhaço que perdeu a graça. Um palhaço que não encontrou algo que o faça rir. E que se depara com a grande e cruel dúvida: “quem sou eu?”. Em busca de respostas, Benjamim deixa para trás o que tinha de mais seguro e cômodo: a família, o circo. 

Na forma mais clara sobre a busca de si mesmo, ele vai atrás da identidade, aquela mesma do RG. Procurando neste pequeno e singelo pedaço de papel a resposta para suas perguntas. 

O encanto com ventiladores, sempre vistos de longe, representam a ânsia por novos ares, novas brisas e caminhos. Até que chega o momento em que decide por ir atrás destes ventos e descobrir com seus próprios pés o que quer fazer e quem quer ser. 

Benjamim representa um pouco de nós, palhaços que tantas vezes perderam a graça. Palhaços que perderam o sentido da caminhada e desligaram os ventiladores interiores, aqueles que nos movem entre o mundo. Benjamim nos coloca diante da frase que não saiu da mente desta que vos escreve, que diz assim: “o gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou palhaço”. Simples e até engraçado. Mas é capaz de fazer pensar sobre o que somos e quem queremos ser. 

Benjamim não consegue isso sozinho, tem esta frase dita por seu pai, quando este também já não suporta a tristeza do palhaço. Talvez com o coração partido, com nó na garganta, não sei. Pai de Benjamim dá o primeiro sopro para que ele corra atrás de si mesmo, do seu sonho. Do seu próprio ventilador. Abre para o filho a árdua porta do desconhecido, do “deixe ver para crer”. 

Na sua breve, mas profunda jornada, Benjamim fez sua identidade, experimentou outros caminhos e no fim retorna para onde e para o que sabe fazer: ser palhaço. 

Benjamim nos ensina a arte de apreciar a tristeza que nos faz buscar outros ventos. A experiência de novos sentimentos, lugares, pessoas, profissões. Faz-nos ter consciência de que podemos mudar as coisas quando estas não nos agradam. Fazendo perceber que podemos girar as hélices de nossos ventiladores e descobrir ou redescobrir quem somos e para onde queremos ir. 

Toda essa “aventura” vivida por Benjamim só foi possível porque ele pôde contar com a ajuda do pai, que lhe permitiu sair, assim como voltar. E o melhor de tudo, voltar porque aquele era o lugar que ele gostaria de estar. A nós, Benjamins e pais de Benjamins, faça essa pergunta para si mesmo: “e eu sou o quê?”. Ao encontrar a resposta, ou a falta dela, não se apavore. Movimente seus ventiladores, abra espaço para a descoberta e deixe seu palhaço falar (rir) mais alto. 

“O gato toma leite, o rato come queijo e eu sou palhaço”.

Filme O palhaço (2011) Dirigido por Selton Mello Com Paulo José, Tonico Pereira, Selton Mello. Drama, Comédia. Brasil


Caroline Ciceri - carolinepsico@espacodomquixote.com.br
Psicóloga do Espaço Dom Quixote

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