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Transição Nutricional


As origens da chamada transição nutricional estão fortemente ligadas às mudanças nos padrões de consumo de alimentos, mas também às modificações de ordem demográfica e social como a inserção da mulher no mercado de trabalho, a maior concentração das pessoas nos centros urbanos, a diminuição do esforço físico e a industrialização dos alimentos. A urbanização parece ter acelerado esta série de mudanças de caráter econômico e social, criando um ambiente obesogênico. A população urbana tende a consumir maior quantidade de alimentos processados, como carnes, gorduras, açúcares e derivados do leite e aquelas residentes da área rural consomem mais cereais, raízes e tubérculos.

As alterações na estrutura da dieta, associadas a mudanças econômicas, sociais e demográficas e suas repercussões na saúde populacional, vêm sendo observadas em diversos países em desenvolvimento. Estas alterações incluem um grande aumento no consumo de gordura e açúcar de adição, em conjunto com uma elevada ingestão de alimentos de origem animal e diminuição no consumo de carboidratos complexos e fibras. Ainda com relação a mudanças na estrutura da dieta, verifica-se um significante aumento no consumo de elducorantes calóricos, de óleos comestíveis, de alimentos de origem animal e, consequentemente, uma elevada densidade energética da dieta, principalmente em países de baixa renda.

O processo de industrialização dos alimentos tem sido apontado como um dos principais responsáveis pelo crescimento energético da dieta da maioria das populações do Ocidente. A sociedade urbano-industrial abriga famílias deslocadas de áreas rurais que já não produzem alimentos para seu próprio consumo. A alimentação fora de casa também é cada vez mais freqüente. Tais mudanças favorecem o consumo de alimentos processados e de alta densidade calórica, com crescente substituição de carboidratos integrais e ricos em fibras por gorduras e de proteínas de origem vegetal por proteínas de origem animal. Populações mais pobres têm, por força do menor custo e da desinformação, maior acesso a estes tipos de alimentos, o que tem gerado o rápido crescimento da obesidade entre estas pessoas.

Este é o panorama de alimentação e de saúde que encontramos hoje em nosso país, fazendo-se necessário que as pessoas se conscientizem da importância de uma alimentação saudável já desde os anos iniciais. A educação em nutrição é hoje uma prática que precisa ser difundida entre as famílias brasileiras para uma melhor qualidade de vida.

Referências
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Daniele Santetti - danielenutri@espacodomquixote.com.br
Nutricionista do Espaço Dom Quixote
Mestranda em Saúde da Criança e do Adolescente - UFRGS

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