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Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação


O termo Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) vem do inglês Developmental Coordination Disorder (DCD) e só recentemente recebeu atenção e aceitação entre clínicos e pesquisadores das áreas de saúde e educação. Outros termos usados incluem criança "desajeitada”, “dispráxica”, com “dispraxia do desenvolvimento” ou "incoordenação motora". Acredita-se que o TDC afete 5 a 6% das crianças em idade escolar e tende a ocorrer mais freqüentemente em meninos. O TDC pode ocorrer sozinho ou pode estar presente na criança que também tem distúrbio de aprendizagem, dificuldade de fala/linguagem e/ou transtorno do déficit de atenção.

As primeiras evidências geralmente, surgem na infância com o precário desempenho nas atividades de vida diária, assim como nas atividades viso-motoras, de planejamento motor, de equilíbrio e principalmente a escrita e o traçado (ilegível, inconsistente, lento e confuso). Algumas características são visíveis e é bem importante que pais, professores e familiares fiquem atentos, são elas:

1. A criança pode ter dificuldade em balancear a necessidade de velocidade com a de exatidão. Por exemplo, a letra pode ser muito boa, mas a escrita é extremamente lenta;

2. A criança pode ter dificuldades acadêmicas em certas áreas como matemática, ditado ou redação que requerem escrita correta e organizada na página;

3. A criança pode ter dificuldade com atividades de vida diária (ex.: vestir-se, usar faca e garfo, dobrar as roupas, amarrar sapatos, abotoar e manejar fechos de correr/zipper, etc.);

4. A criança pode ter dificuldade para completar o trabalho dentro de um espaço de tempo normal. Uma vez que as tarefas requerem muito mais esforço, ela pode ficar mais inclinada à distração e tornar-se frustrada com uma tarefa rotineira;

5. A criança pode ter dificuldades, em geral, na organização de sua carteira/mesa, armário, dever de casa ou mesmo do espaço na página.

Crianças com TDC que não são identificadas como tal experimentam fracasso e frustração e são, muitas vezes, percebidas como preguiçosas ou desmotivadas. Essas criancas podem desenvolver complicações secundárias, como dificuldades de aprendizagem e problemas emocionais, sociais e de comportamento. Por isso é importante que a criança seja avaliada pelo médico para excluir a possibilidade de outras razões médicas para o desajeitamento motor, fazendo então o encaminhamento para o profissional mais adequado a atendê-la. Visto que a criança, geralmente, tem dificuldade com atividades de autocuidado e tarefas escolares, esse profissional de saúde muitas vezes será um Terapeuta Ocupacional.

A intervenção do Terapeuta Ocupacional vai ajudar a criança a aprender a desempenhar muitas das atividades diárias com mais sucesso e se sentir melhor consigo mesma, como sujeito. Também vai auxiliar os pais e professores sobre a participação da criança em casa, em sala de aula e nas atividades de lazer na comunidade. É importante salientar que, ao contrário do que se pensa, as crianças com TDC vão superar seus problemas, estudos vem demonstrando que com treino extra essas crianças podem adquirir certas habilidades, mas novas tarefas motoras ainda vão ser um problema.

O tratamento terapêutico ocupacional inclui a integração sensorial, o processo orientado e os programas percepto-motores. Além do modelo cognitivo para o desempenho ocupacional trazendo sucesso na aquisição de habilidades motoras.


Priscila Straatmann Morél - priscilato@espacodomquixote.com.br
Terapeuta Ocupacional e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote

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