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Como penso, sinto e me comporto frente ao ato de comer


Por que quando estamos com fome não pensamos em comer uma alface, maçã ou outro vegetal ou fruta?

Apesar de milhares de anos de evolução na ciência, na tecnologia, no âmbito social, o nosso cérebro não acompanhou essa evolução em relação ao ato de comer. O cérebro ainda está preparado para “lutar/procurar” comida na Savana Africana, como nossos ancestrais, onde os vegetais e frutas eram mais fáceis de conseguir. Para se ter acesso a gordura, sal e açúcar era preciso grande esforço (caçar, pescar). Só que hoje em dia não precisamos mais percorrer longas distâncias para conseguir esses alimentos. Eles estão a um telefonema de tele-entrega da gente, não gastamos nenhuma energia para consegui-los, estão em qualquer esquina. Então, o que fazer?

Na Terapia Cognitivo-Comportamental trabalhamos muito em cima de como sentimos, pensamos e nos comportamos frente às situações na vida, principalmente em situações de crise. Em relação à comida, isso não é diferente. Recorremos a ela em vários momentos: felizes, tristes, ansiosos, estressantes, mas em várias situações após comermos, frequentemente pensamos “Por que comi isso?” e muitas vezes agimos (comportamento) nos boicotando (“Já comi a mais então, mais um pouco não faz diferença!) (pensamento) assim comendo mais ainda e nos sentindo muitas vezes tristes. A partir disso, o ciclo continua, se realimenta e o objetivo/motivação para a redução de peso é prejudicada.

Ex: Situação - Festa de Aniversário de Amigo

Comportamento --> Emoção --> Pensamento --> Comportamento --> Situação --> Emoção --> Pensamento --> Comportamento

Comer além da saciedade --> Tristeza --> “ Por que fiz isso?” --> Comer mais --> Em casa, após a festa, na frente da geladeira --> Raiva --> "Já comi demais mesmo os salgadinhos, vou comer um sorvete --> Comer além da saciedade

Um dos principais pontos para alcançar uma redução de peso é diferenciar a fome (fisiológica) da vontade de comer (gula). Mas isso não é fácil, pois cada pessoa pensa, sente e se comporta de maneira diferente frente à comida. O maior passo para a mudança é a motivação e os objetivos que o/a levam a querer reduzir de peso.

Sobre a maneira de pensar em relação à comida temos que rever segundo Judith Beck*, os seguintes tópicos:

1- Sobre a fome e a vontade de comer;
2-Sobre a tolerância à fome e o desejo incontrolável de comer;
3- Sobre quando parar de comer;
4- Sobre quanto comer;
5- Sobre o bem-estar proporcionado pela comida;
6- Sobre ganhar peso;
7- Sobre quanto as outras pessoas comem;
8- Sobre o fim da dieta.

O plano proposto no livro Pense Magro, utiliza técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental, como por exemplo o cartão de enfrentamento das vantagens e desvantagens de emagrecer, monitorar por escrito a alimentação (como se fosse um diário alimentar), cultivar o hábito de comer sem pressa e sentado à mesa, escolher um “monitor” da dieta (alguém que incentive a pessoa a se manter fiel ao planejamento), aprender a tolerar a fome (com o objetivo de diminuir a ansiedade em relação) , criar o hábito de pesar-se, comprometer-se à prática de atividade física, desenvolver o costume do auto-elogio e outras.

O grande "truque” para a mudança é aprender a resistir e a se confrontar, ou seja, “desligar" os pensamentos distorcidos que nos levam a comer em excesso. Deixar de “pensar gordo” para “pensar magro”. (Beck, 2008)

Driblar e resistir à comida é uma das tarefas mais árduas, pois pensar magro requer disciplina e demanda muito empenho.

Uma dica para reflexão....
Sugestão de leitura: Livro: * Pense Magro- A dieta definitiva de Beck- Autora: Judith Beck. Artmed Editora, 2008.


Fernanda Soares Fernandes - fernandapsico@espacodomquixote.com.br
Psicóloga do Espaço Dom Quixote
Especialista em Psicologia Clínica- Terapia Cognitivo-Comportamental

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