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Música: uma proposta de inclusão


A Musicoterapia cada vez mais mostra sua eficácia para pessoas com deficiência. É um grande meio de inclusão, onde pessoas com e sem deficiência podem participar de uma mesma atividade musical, cada um com suas capacidades e limitações.

Pessoas com deficiência reagem às experiências musicais exatamente da mesma forma que pessoas sem deficiência. Na Musicoterapia, a música facilita as potencialidades das pessoas com deficiência e isso é de grande importância, pois pode amenizar ou até resolver as dificuldades que apresentam, sejam elas de expressão, de comunicação, de socialização e/ou motoras.

A dificuldade em alguma das áreas (sensorial, emocional e/ou intelectual) prejudica as outras, pois todas estão interligadas. A música oferece experiências que estimulam todas as áreas ao mesmo tempo, integrando-as, oferecendo deste modo a melhor maneira de desenvolvê-las. Consegue-se assim, através da música, um desenvolvimento mais abrangente, pois desenvolve mente, corpo e emoção e ameniza as limitações físicas, sociais ou mentais que a pessoa possui.

A música é uma forma de comunicação não verbal, trazendo assim uma gama de possibilidades para uma pessoa com dificuldades de expressão e comunicação, permitindo o estabelecimento ou restabelecimento de contato social sem o uso da fala. Neste caso, a Musicoterapia se torna mais eficaz do que outras terapias. A fala também é desenvolvida através de canções, jogos musicais, entre outros. Há muitos casos de pessoas que recuperaram parcialmente ou totalmente a fala através da Musicoterapia.

A Musicoterapia também se mostra eficaz para aliviar tensões, promover o equilíbrio emocional, aumentar a autoestima, a autonomia e motivação. A música trabalha a razão e a emoção, proporciona momentos lúdicos e libera endorfinas. Há comprovações de que a música aciona a mesma área do cérebro ativada pelo prazer da alimentação, sexo e drogas, trazendo um significante benefício para o bem estar físico e mental.

Por ser prazerosa, a música motiva as pessoas com deficiência a desenvolverem as áreas que apresentam maiores dificuldades. Na deficiência física a vontade de tocar um instrumento permite a estimulação do desenvolvimento motor. O campo motor é trabalhado com o ritmo, movimentos associados à música, dança, instrumentos musicais e expressão corporal, estimulando a coordenação motora, tônus muscular, entre outros.

A integração social é desenvolvida na Musicoterapia, pois a música permite que todos participem da mesma atividade de diferentes maneiras, em diferentes níveis e diferentes tipos de participação, acolhendo a todas e todos.

Além disso, a música estimula o aprendizado global, trabalhando a memória, a atenção e concentração, o que reflete positivamente nos processos de alfabetização e escrita.

O autor Willems relaciona o ritmo com a vida fisiológica, estando ligado e sendo capaz de desenvolver as questões corporais, a harmonia com o lado intelectual, estimulando a ordem e lógica ao pensamento e a melodia com a vida afetiva, expressando e influenciando-a.

A autonomia é desenvolvida através da independência do paciente no fazer musical, das escolhas (escolher um repertório, um instrumento) entre outros, e essas questões perpassam o ambiente terapêutico refletindo em uma pessoa com mais autonomia no seu dia a dia. Quanto maior a autonomia, mais a pessoa aprende a se virar sozinha, mais independente se torna. O desenvolvimento das relações intra e interpessoais, da autoestima, do âmbito motor e da comunicação contribui para a integração da pessoa com deficiência na sociedade.

Assim, a Musicoterapia contribui no processo integral de todo ser humano, sendo de importância tanto para pessoas com deficiência, como sem deficiência. Os benefícios que a Musicoterapia traz para pessoas com deficiência são: aumento do contato visual, maior vocalização, maior interação social, melhora na memória e atenção, maior desenvolvimento motor, aumento da capacidade de aprendizagem, maior expressão e desenvolvimento emocional, entre outros.

Pessoas com deficiência podem também aprender um instrumento musical, havendo dificuldades nos membros superiores, podem aprender a tocar um instrumento com os pés, como o violão, apresentando uma agilidade incrível. Pessoas não alfabetizadas podem aprender a ler a notação musical e também se alfabetizar através da música.

Para saber mais:

Blood AJ and Zatorre RJ. Intensely pleasurable responses to music correlate with activity in brain regions implicated in reward and emotion. Proc Natl Acad Sci U S A. 2001 September 25; 98(20): 11818-11823.
WILLEMS, Edgar. El valor humano de la educación musical. Barcelona: Paidós, 1981.
RUUD, Even. Caminhos da Musicoterapia. São Paulo: Summus, 1990.

Fique atento! Em breve o Espaço Dom Quixote irá promover o curso “INCLUSÃO: uma prática possível”, um curso transdisciplinar envolvendo diferentes deficiências com atividades práticas para pais, professores e demais profissionais e interessados.


Luciana Steffen – lucianamt@espacodomquixote.com.br
Musicoterapeuta do Espaço Dom Quixote

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