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Autismo: uma visão transdisciplinar


O Espaço Dom Quixote está promovendo nos meses de novembro e dezembro o curso AUTISMO: UMA VISÃO TRANSDISCIPLINAR. Turma lotada e muito conhecimento estão deixando as noites de terças-feira muito interessantes! Psicóloga, psicopedagoga, fonoaudióloga, nutricionista, musicoterapeuta e terapeuta ocupacional estão apresentando as últimas pesquisas na área, dicas práticas e manejo com crianças e adolescentes autistas.



BENEFÍCOS DA MUSICOTERAPIA NOS TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA


Musicoterapia e Autismo
A Musicoterapia tem se destacado no tratamento de pessoas com transtornos do espectro autista (TEA), havendo diversas pesquisas que comprovam sua eficácia. Pesquisas mostram também forte interesse e curiosidade de pessoas com TEA pela música, e que se saem melhores na música do que em outras áreas do comportamento, assim como apresentam maior responsividade a ela do que a outros tipos de estímulos auditivos, como a fala.
As pessoas com TEA apresentam uma desorganização nas redes neuronais e a música é capaz de reorganizá-las. Além disso, é capaz de ativar todas as áreas do cérebro, estimulando e desenvolvendo a pessoa como um todo.


Interação, Comunicação e Estereotipia
A música é uma das poucas coisas que chama a atenção de uma pessoa com TEA. O paciente toca um instrumento musical, e este serve como um elo entre paciente e musicoterapeuta, sendo o ponto de contato inicial. Através deste instrumento ou outra atividade musical, o paciente passa a se relacionar com o musicoterapeuta, possibilitando um diálogo musical e um meio de trabalhar a interação social e a comunicação, os objetivos mais almejados para pessoas com TEA.

A musicoterapia oferece assim, um novo meio de expressão e comunicação para pessoas com TEA através de técnicas como improvisação musical, composição, cantar, tocar, ouvir canções, jogos musicais, exercícios rítmicos, técnicas de imitação, entre outras. Através dessas técnicas o musicoterapeuta arma situações (que podem se originar de manifestações sonoras do paciente) para o paciente interagir, visando atingir os objetivos terapêuticos estabelecidos.

A fala é desenvolvida na improvisação, jogos musicais e na sua estimulação pelo cantar. Os pacientes passam a cantar palavras, frases ou até uma canção inteira, e respondem verbalmente. Através de técnicas específicas, o musicoterapeuta pode provocar ou aumentar na pessoa com TEA o desejo de se comunicar.

Os comportamentos estereotipados podem se reduzir através do fazer musical, do ritmo e dos instrumentos. O paciente para o comportamento estereotipado para se engajar na música.


Outros Efeitos
Outra característica comum em pessoas com TEA é a dificuldade no agrupamento espaço-temporal e psicomotor, muitas vezes não enxergando as coisas como um todo, mas sim em partes. A música, por ser uma organização espaço temporal, trabalha noções de agrupamento: o todo e as partes, figura e fundo, início e fim, através do ritmo, dança, harmonia, melodia e canções.

A musicoterapia oferece também a estimulação sensorial (tátil, visual e auditiva) através do ouvir e cantar, de movimentos e dos instrumentos, que também estimulam a coordenação motora.

No âmbito emocional, é freqüente a dificuldade de expressão de uma pessoa com TEA, onde a Musicoterapia oferece outra maneira de expressão dos sentimentos, das emoções, e estimula a comunicação verbal destes. A música é capaz de evocar e provocar determinados sentimentos e emoções, e estes podem ser trabalhados através de músicas que expressem ou que trazem no texto as diferentes emoções.

Nas questões cognitivas, o musicoterapeuta vai arranjando formas de aumentar a atenção do paciente nas atividades. A Musicoterapia desenvolve também a memória, a criatividade, organiza o pensamento e aumenta a capacidade de aprendizagem.

Outros resultados que a Musicoterapia com pessoas com TEA apresenta são: diminuição do isolamento social, maior exploração de objetos e do ambiente ao seu redor (cantando e imitando sons, estabelecem-se relações com o ambiente), maior contato visual e corporal, desenvolvimento da autonomia e cooperação, satisfação e aumento da autoestima através da realização provocada pelo fazer musical, comportamentos mais apropriados, redução da ansiedade, entre outros, além de auxiliar nas atividades de vida diária.

Sendo assim, a Musicoterapia abre um canal de comunicação e estabelece contato pessoal, aprimorando o desenvolvimento socioemocional das pessoas com TEA. Surgem melhoras também na consciência de si mesmo e na qualidade de vida do sujeito e de todos ao seu redor.

O tratamento musicoterapêutico deve ser feito por um musicoterapeuta qualificado, que analisa os tipos de instrumentos, sons, canções e atividades mais propícias para cada pessoa.


Luciana Steffen - lucianamt@espacodomquixote.com.br
Musicoterapeuta da Clínica Espaço Dom Quixote


Para saber mais

DAVIS, W.B., GFELLER, K.E. & THAUT, M.H. An Introduction to Music Therapy: Theory and Practice, Terceira edição. Silver Spring: American Music Therapy Association, 2008.
OLDFIELD, Amelia. Interactive Music Therapy - A Positive Approach. London and Philadelphia: Jessica Kingsley Publishers, 2006.

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