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Terapia Ocupacional e Unidade de Terapia Intensiva Neonatal


O surgimento da Terapia Ocupacional como profissão, oficialmente reconhecida como tendo ocorrido na segunda década do século XX, está profundamente ligado ao trabalho hospitalar, seja por suas raízes no uso das ocupações nos manicômios psiquiátricos, seja por seu “nascimento”, entre as guerras mundiais, relacionados ao trabalho nos hospitais civis e militares junto a incapacitados físicos e doentes crônicos, como tuberculosos e seqüelados por acidentes de trabalho. (Carlo e Bartalotti, 2006).

Enquanto isso, os primeiros relatos de cuidados ao recém-nascido remontam à era greco-romana. Somente no século XVIII, em 1769, na cidade de Londres criou-se o primeiro serviço com as características de maternidade, atendendo crianças em geral. Depois, na França surge o primeiro hospital destinado exclusivamente às crianças e aos recém – nascidos, em 1802.

Contudo, só em 1815, iniciaram-se as atividades de assistência destinadas a recém – nascidos, especialmente a prematuros. Com isso, a partir de 1960-1970, o professor Alexandre Minkowski decidiu adaptar aos bebês prematuros técnicas que a escola americana herdara das terapias intensivas destinadas a adultos e aplicava em crianças maiores.

O Terapeuta Ocupacional consegue se inserir nesta equipe com o trabalho de estimulação precoce, promovendo o acompanhamento do seu desenvolvimento sensório-motor, cognitivo, afetivo e social.

Enquanto, nos últimos anos, começa-se a pensar em atuar em UTIN no Rio Grande do Sul, nos EUA essa prática já vem sendo discutida desde 1970 e regulamentada em 1993, em Congresso da AOTA, devido à grande procura nos últimos anos. Entre as especificações do Terapeuta Ocupacional está a especialização em desenvolvimento infantil, além de ter amplo conhecimento e prática nesta área. (Delia Gorga, 1994, AJOT)

É neste sentido que se compreende a inserção do Terapeuta Ocupacional no espaço hospitalar como um profissional que tem como finalidade proporcionar melhor qualidade de vida durante o processo de internação, para as mulheres/mães, gestantes, bebês e seus familiares, oferecendo suporte por meio da relação terapeuta-paciente-atividades.

Nos EUA, os hospitais que oferecem o atendimento a recém-nascidos, constituem-se uma equipe interdisciplinar a fim de adquirirem habilidades e conhecimento dos pacientes. Neste meio, segundo Delia Gorga (1994), a Terapia Ocupacional promove um olhar diferenciado quando se fala no recém-nascido, ou seja, o Terapeuta Ocupacional olha para ele de forma holística, considerando a sua performance global, atentando para as performances motoras, sensoriais, cognitivas e emocionais, no sentido de como se dá essa organização corporal, dentro das atividades de avaliação funcional. Também se considera como a família pode assumir as modificações na estrutura de papéis parentais dentro deste ambiente.

A Terapia Ocupacional tem como especificidade a utilização de atividades como recurso terapêutico. Segundo Ferrigno (apud Kudo,1997), o Terapeuta Ocupacional utiliza a atividade como instrumento que pode viabilizar a expressão, a espontaneidade, o conhecimento das potencialidades e das limitações dos clientes durante as suas ações no mundo.

Para Motta e Takatori (2001), a atuação do Terapeuta Ocupacional em pediatria compreende o atendimento a recém-nascidos, bebês e crianças que “apresentam riscos ou alterações no seu desenvolvimento, decorrentes de circunstâncias de ordem orgânica, emocional e social que podem estar presentes antes, durante e logo após o nascimento ou durante a infância”.

Cabe ao Terapeuta Ocupacional através do atendimento com uma ampla observação do estado geral do bebê; após verificação do estado de consciência, de obtenção de informações com a equipe de enfermagem sobre o dia do RN, como é o seu posicionamento na incubadora ou no berço, como está o vínculo mãe-bebê, sem esquecer-se de observar o fazer do bebê, todos os movimentos e expressões, visto que estas são suas atividades; mostrar e auxiliar os profissionais e familiares nos cuidados com o recém-nascido. Neste contexto, o atendimento deve atender as necessidades emocionais e adaptativas do bebê e da família.

Na prática, o Terapeuta Ocupacional ajuda na elaboração de conteúdos emocionais da criança e da sua família, além de proporcionar maior integridade de funções no leito, avaliar e estimular sensoperceptocognitivamente o bebê, possibilitando maior segurança e facilitando o processo de alta hospitalar.

Segundo Meyerhof (1997), o objetivo da intervenção será tanto no sentido de promover o input sensorial como a de proteger o bebê de excesso de estimulação, graduando os estímulos de acordo com o desenvolvimento adaptativo do neonato. Enquanto a escala Brazelton tem como propósito original descrever o sistema autônomo, a atividade motora, os estados de consciência e a atenção social, vistos como integrativos e interativos no bebê a termo e saudável.


Priscila Straatmann Morél – priscilato@espacodomquixote.com.br
Terapeuta Ocupaciona e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote

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