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A Psicomotricidade em questão


Falar sobre Psicomotricidade é falar na relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção. A Psicomotricidade favorece a criança em uma relação consigo mesma, com o outro e com o mundo que a cerca, possibilitando-a um melhor conhecimento do seu corpo e de suas possibilidades. Mas é preciso entender sobre esquema corporal e imagem corporal, visto que estas aparecem comprometidas em sua constituição nos transtornos psicomotores (num próximo capítulo).

Segundo Yañes (1994), a Psicomotricidade ocupa-se do corpo em movimento de um sujeito. Por assim dizer, o ato não é só um somatório de contrações musculares, também é desejo. Sendo este estruturado e enfatizado na emoção, na expressão corporal, na afetividade, na trocar de olhar no vínculo corporal e na relação corporal entre a pessoa do terapeuta e a pessoa do paciente.

O esquema corporal refere-se ao conhecimento que temos do nosso corpo, que provém de informações proprioceptivas, interoceptivas e exteroceptivas. Através do esquema corporal a criança pode falar das partes do corpo, das funções, das relações espaciais e da dimensão temporal do corpo. Enquanto a imagem corporal trata não só da história individual do sujeito, mas também nas suas relações com os outros. Vivenciado e experenciado pelas relações sociais. Sendo construída e adquirida através do contato com o mundo, estando em permanentes mudanças.

Assim precisamos compreender a criança através do seu corpo. Isso significa brincar, e brincar significa permitir que a criança se utilize do imaginário e do simbólico para resignificar o real. A criança coloca em cena seu desejo e sua história para ser lidada pelo outro. Para isso precisa vivenciar pelo lúdico tudo o que acontece com ela, se permitir se reconhecer no outro e falar com suas ações. O sujeito diz com seu corpo, com sua motricidade, com seus gestos, e, portanto, espera ser olhado e escutado na transferência desde um lugar simbólico.

Para isso é preciso entender que o corpo humano é efeito de linguagem e não ao contrário, sustenta-se enquanto tal pela linguagem. Ela cria um sujeito, e, com ele, seu corpo e a sua motricidade. A linguagem atravessa e esvazia o corpo do gozo, enlaçando e articulando o corpo ao desejo do sujeito.


Priscila Straatmann Morél – priscilato@espacodomquixote.com.br
Terapeuta Ocupacional e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote

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