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O peso do conhecimento


Dor na coluna é um problema facilmente encontrado entre as pessoas. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 85% das pessoas têm, tiveram ou terão um dia dores nas costas provocadas por problemas de coluna.


Sabia que essa dor e má postura podem estar relacionadas ao peso da mochila que a pessoa usou na época da escola?


E sabia que seu filho pode ser o próximo a sofrer dores em um futuro não tão distante?


O excesso de peso nas mochilas das crianças é um problema grave que, além de dores nas costas, tem conseqüências irreversíveis em longo prazo, como escoliose idiopática infantil, que mesmo sendo congênita pode ser agravada por estes maus hábitos, além de cifose, hiperlordose da coluna lombar, artrose precoce e má postura. Outra situação que pode acontecer, mas é menos frequente, é a lesão das placas de crescimento dos ossos ocasionada pelo excesso de peso nas mochilas, isso faz com que os pequenos deixem de crescer.


O ideal é que a mochila não ultrapasse 10% do valor do peso da criança. Os pais precisam ficar atentos aos danos que o excesso de peso pode gerar e tomar medidas preventivas como mochilas com carrinhos; observar a postura da criança ao sentar e carregar a mochila, além de ajustá-la corretamente às costas, deixando as alças paralelas e sempre tomar o cuidado para que a mochila seja carregada com as alças nos dois ombros.


. Dicas para aliviar o peso da mochila:


- Coloque as coisas mais pesadas junto às costas da criança, ou seja, na parte de trás da mochila;

- Disponha os livros e outros materiais de uma maneira que não fiquem soltos lá dentro, provocando movimentos de desequilíbrio;

- Olhe o que o seu filho leva para a escola e certifique-se de que é o material necessário para as atividades rotineiras;

- Nas mochilas com rodas é preciso cuidado com a alça do carrinho, que deve estar a uma altura apropriada. As costas da criança devem estar retas ao puxá-la.


Priscila Votto Fernandes – prifisio@espacodomquixote.com.br

Fisioterapeuta do Espaço Dom Quixote

Adoção e cadeira de rodas


Hoje se fala muito em adotar crianças. Mas será que adoção e cadeira de rodas combinam? Desde que conheci o Joel, o Leandro, a Patrícia e o Gildo (casal cadeirante), me pergunto constantemente o que poderia impedir a inserção de uma criança num lar de cadeirantes.

Acredito que terapeuticamente é melhor colocar a criança num lar sadio e desejante por ela, onde todos, principalmente o casal, a espera para concluir o sonho familiar. Podemos pensar que na casa adaptada do casal o berço também será adaptado e que a criança não necessariamente deve ser um bebê, poderia ser uma criança com um pouco mais de idade quem sabe.

Mas também como a pensar que psicomotoramente também ajuda a ambos. Imagina a diversão de sentar no colo do pai ou da mãe e andar de cadeira de rodas pelas ruas, descobrir as diferenças entre si e os outros, mas algo não mudará o amor de mãe e pai.

E a cadeira de rodas, é um empecilho para criar filhos adotados ou não? Impede de dar amor, criação e felicidade a ambos (relação pais e filho)? Será que há alguma lei, condição ou qualquer outro documento que impeça a entrada na lista de alguém ou de um casal que pretende tirar uma criança de uma casa de passagem e transformá-la em sujeito desejado, criando um novo lar?

Se a cadeira de rodas fosse tirada de cena, existirá um casal, claro que com suas limitações, como qualquer outro casal de nossa sociedade, a situação mudaria. Acredito que não, pois amor, afeto, compreensão e afinidade de escolha, não se escolhe, nem se escolhido pela raça, cor ou credo e sim por poder (re)colocar a criança novamente num lar acolhedor, que permita seu desenvolvimento tranqüilo e autoconfiante.

Você já pensou nisso? Deixe seu comentário, participe, opine. Você faz parte da sociedade e deve conhecer alguém que já passou por ou passa por um processo de adoção, mas esbarra no preconceito da cadeira de rodas.

Priscila Straatmann Morél

Terapeuta Ocupacional e Psicomotricista do Espaço Dom Quixote – priscilato@espacodomquixote.com.br

A importância dos contos de fadas

Os contos de fadas sempre foram transmitidos de geração em geração oralmente, nas rodas de conversas dos adultos. Eles fazem parte do folclore europeu e foram adaptados conforme cada região, por isso tantas versões diferentes das mesmas histórias.

Alguns escritores registraram estas narrativas e as transformaram nos contos de fadas como os conhecemos hoje. Escritores como Charles Perrault, da França e Jacob e Wilhelm Grimm, da Alemanha resgataram as histórias das vilas e cidades para colocá-las no papel. Já Hans Christian Andersen criou suas histórias, a partir da sua imaginação.

A importância dos contos de fadas transcende o simples resgate da história e do folclore de um povo, de uma época. A audição dos contos de fadas ajuda a criança a lidar com seus medos, frustrações, tristezas, etc, pois permite que elas vivam os conflitos através da fantasia e imaginação oportunizados pelos contos. As crianças ao ouvirem os contos de fadas transportam-se da realidade para a fantasia, onde podem experimentar serem heróis, princesas, bruxas e lobos maus, o que as fascina e ajuda a vivenciar sentimentos, elaborar conflitos e superar medos. Muitas vezes os adultos querem “enfeitar” as histórias, pulando as falas de seres malvados e pavorosos, temendo assustar as crianças, mas é justamente este o momento preferido delas, pois podem, na imaginação, matar o lobo mau que as atormenta, podem prender o bandido que as assusta. Impedir que a criança lide com estas histórias dificulta que ela supere os medos que sente e que supere os conflitos da realidade.

A modernidade e a indústria do entretenimento adaptaram os contos de fadas e os transformaram em filmes e desenhos, cheios de cores e movimentos. As crianças gostam, principalmente pelos efeitos visuais e auditivos, mas eles não podem e não devem substituir a leitura das histórias.

Para Bruno Bettelheim, psicanalista, os contos de fadas exibidos em filmes e desenhos inibem a imaginação infantil, porque recebem elementos do ilustrador, tornando-se assim uma experiência pessoal do ilustrador.

Para ele, os contos de fadas deveriam ser lidos sem mostrar-se as imagens, permitindo assim, que a criança imagine a cena, os personagens, as cores e os movimentos. Ao antecipar a imagem podemos estar empobrecendo a criatividade da criança, essencial para sua criação de histórias, de desenhos, de textos e até de interpretação. A imagem é importante, principalmente na questão estética, de beleza e uso de cores, mas ela não supera o texto, rico em elementos psicológicos e culturais.

Em casa ou na escola, o momento de ler histórias para as crianças deve ser feito com carinho e dedicação, pois representa um momento de intimidade, de afetividade e de construção de conhecimentos e elementos para a aprendizagem integral dos pequeninos.


Janete Cristiane Petry – janetepp@espacodomquixote.com.br

Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote

Já sei namorar?



“Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo, todo mundo é meu também!” (Tribalistas, 2003)

De duas décadas para cá, ficou estabelecido o FICAR entre os jovens. O que era um comportamento cultural masculino, nesta época de profunda globalização passou a ser adotado também pelo feminino como uma bandeira de igualdade. Portanto meninos e meninas ‘ficam’. Quem não ‘fica’ é visto como esquisito, com algum tipo de conflito na sexualidade e sofre exclusão.

A mídia é grande responsável por isso, ela que propaga modismos explorando a fabricação de ‘pequenos adultos’ com idéias vagas de liberdade. Faz dos adolescentes vítimas perfeitas dessa crescente mania de valorizar a outra pessoa enquanto ela puder proporcionar algo. No momento em que isso não ocorrer, desinveste-se a fim de evitar a frustração.

No ‘ficar’ não existe o fim do relacionamento porque este não existe como um compromisso entre os parceiros. É o instinto que comanda, não a razão. Da valorização do "eu" há o descuido do "tu" e, dificilmente um relacionamento se consolida, pois não há o desprendimento necessário.

Antes de qualquer coisa está o desejo individual, sem abdicar da independência e autonomia para não se fragilizar quando o outro for embora. Ou seja, a autosuficiência é um mecanismo de defesa para evitar que se sofra. Para não sofrer não se ama, se amar deixa de ‘ficar’ e desdobra no temido namoro.

‘Ficar’ pode durar uma noite, uma semana, um mês; pode ser com uma pessoa, duas, dez; o princípio é aceitar que ninguém é de ninguém, vale tudo o que for permitido, sem nenhum tipo de obrigação. Os papéis continuam os mesmos: a menina é que estabelece o limite da intimidade que vai desde um beijo ao sexo propriamente dito, o menino é aquele que está sempre disposto a tudo. Sem esquecer os casais homossexuais, muito mais expostos e desinibidos ultimamente. {o tema merece um texto à parte}

Apesar dos adolescentes de hoje serem muito mais informados, estão presos. A adolescente tenta expressar toda a competência do prazer de decidir o que fazer com sua vida, corpo e sexualidade, contudo não tem sabido como se utilizar desta liberdade. A menina caiu na mesma armadilha medíocre que sempre foi imposta ao menino e ambos estão perdidos. Elas incorporaram o modelo masculino que inibe os meninos que não aceitam em muitas ocasiões lidar com esta nova postura feminina, acabam usando-as e desrespeitando-as.

Essa novidade até pode ser uma evolução e uma nova maneira de expressar a sexualidade, conhecer pessoas, testar os próprios sentimentos, mas não tem contribuído muito para a sadia afetividade.

Quem pratica o ‘ficar’ com intensidade, por mais parceiros que tenham sempre estará só. O ‘ficar’ não estabelece vínculo, a única coisa que nos dá segurança, ajuda no crescimento e desenvolvimento das competências humanas.

O próprio comportamento impulsivo acaba expondo o indivíduo a frequentes frustrações, pois tudo passa a ser descartável quando o consumo passa a reger a forma de comunicação. Há sempre uma descrença acerca das expectativas futuras, em ideais ou perspectivas.

A adolescência é uma época em que a insegurança se faz presente de forma marcante, e eles buscam experimentar para não se frustrar facilmente, querem transgredir limites, inovar, buscar sua identidade, mas precisam que alguém os ajude a descobrir o que o Cazuza só descobriu depois que contraiu o vírus HIV: “(...) viver a liberdade, amar de verdade, só se for a dois.”

Andréa de Espíndola – andreapsico@espacodomquixote.com.br

Psicóloga e psicomotricista do Espaço Dom

5 coisinhas sobre DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM...


NA LEITURA: observe se seu filho compreende o que leu, pedindo a ele que explique, resumidamente, aquilo que acabou de ler. Tire um tempinho para ouvir seu filho lendo, observando a dicção, volume de voz e entonação. Estimule a leitura e seja um bom exemplo, lendo bastante também!

NA MATEMÁTICA: ao perceber que seu filho está com dificuldade de compreensão matemática, construa com ele jogos para serem jogados em família, envolvendo o conteúdo de aula. Por exemplo: dominó, memória, bingo. É importante fazer da Matemática uma vivência prática, como uma ida ao supermercado, calculando os preços, quantidades, medidas. Assim, a Matemática deixa de ser o famoso "bicho de sete cabeças", difícil de entender.

NA ESCRITA: observe a forma como seu filho escreve e as evoluções que estão ocorrendo. Valorize a organização e estética, bem como os acertos e a criatividade, não deixando que sinalizar os errinhos, auxiliando na correção dos mesmos. Incentive a fantasia e imaginação na escrita dos diferentes gêneros textuais (contos, poesias, narrativas, dramatizações), envolvendo assuntos do interesse da criança.

ATENÇÃO: fique atento se seu filho consegue se concentrar na atividade que está realizando. Caso isso não esteja ocorrendo, é importante investigar os possíveis motivos desta desatenção, que podem ser: ambiente inadequando para o estudo - com barulho e movimentação - ou o próprio horário estipulado: será que ele não está cansado ou acabou de fazer uma refeição?

ESTUDO: verifique como seu filho está estudando e se está estudando! É importante utilizar vários recursos para tornar mais fácil o aprendizado. Sugira para ele a leitura oral, elaboração de resumos e cartazes, confecção de jogos com o assunto a ser estudado, utilização de um gravador para que depois possa ouvir a própria explicação gravada. A participação dos pais no estudo dos filhos é importante: peça que ele lhe explique o conteúdo, faça perguntas relacionadas a matéria, discuta o assunto com ele. É muito importante que se crie uma rotina diária de estudos, ficando bem claro o momento de estudar e o momento de brincar.

Todas estas dicas são muito importantes no dia-a-dia da criança. No entanto, algumas dificuldades de aprendizagem necessitam da intervenção de um especialista. Caso estas 5 coisinhas não sanem a dificuldade de aprendizagem de seu filho, procure um especialista para avaliar a situação.

Fonte: Espaço Dom Quixote - Clínica Transdisciplinar de Infância e Adolescência

Matéria do Espaço Dom Quixote publicada no Caderno Meu Filho -Jornal Zero Hora de 07/06/2010