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Adolescência e Drogas: contribuições que a psicopedagogia pode trazer para o tratamento de adolescentes dependentes químicos

A adolescência é uma etapa organizadora onde o organismo e o corpo estão passando por mudanças biológicas e afetivas, influenciando assim no sistema familiar e social, pois apresentam uma maneira particular para enfrentar a vida.

Talvez por esse motivo que se ouve muito que a adolescência é o período da rebeldia, de contestar as regras. E é neste período que a maioria dos sujeitos buscam a droga.

Na adolescência é cobrada uma postura que, quando ele alcança, não lhe é permitido exercer, situação a qual o jovem encontra refúgio nas drogas. O que lhe resta é se juntar aos outros que estão passando pelo mesmo momento.

O adolescente transfere para o grupo a dependência da família, sendo esta etapa a intermediária para independência, embora raramente haja uma preocupação a respeito das conseqüências que este grupo possa trazer, como a iniciação nas drogas e no crime que ocorre pois o adolescente precisa pertencer a algum lugar.

Entre tantas dúvidas e incertezas que envolvem este momento transitório ainda há a escolha de uma profissão em um mercado de trabalho exigente e com a responsabilidade de atingir o sucesso tão esperado.

Neste momento definimos identidade como o conjunto de características físicas, cognitivas, comportamentais, emocionais que formam a personalidade do adolescente.

A adolescência por ser um período de transformações intensas, na qual físico e psíquico poderão sofrer em maior ou menor grau e isso poderá constituir risco em relação ao uso de drogas.

Os aspectos desencadeantes dos transtornos relacionados ao uso de drogas podem envolver aspectos individuais e sociais. O jovem pode ser levado ao uso por curiosidade, influência dos pares ou mesmo por apresentar comorbidade psiquiátrica não tratada.

Antes de tudo, em relação ao tratamento, faz-se necessário compreender esta etapa peculiar do ciclo de vida, pois o jovem estará buscando ser autônomo, buscando sua própria identidade. É normal a relutância inicial do adolescente ao tratamento da dependência química e estará regido pelo conflito com sua autonomia e com a sua onipotência, neste caso não muito diferente do adulto. A maioria dos jovens com dependência química pode recair ao longo dos primeiros meses após terem completado um programa terapêutico de tratamento, pois estarão envolvidos vários fatores.

Dá-se ênfase às atividades grupais como treinamento de habilidades, utilizado como facilitador afetivo e comportamental.

Como é muito comum a comorbidade (ou diagnóstico duplo) e dependência química, no caso do adolescente é primordial a avaliação e tratamento por profissional da área e a psicofarmacologia poderá ser empregada.

É importante que a família participe ativamente do tratamento, com o intuito de restabelecer a autoridade dos pais e melhorar a qualidade da relação entre pais e filhos.

A partir do conhecimento da cultura e história do sujeito, o psicopedagogo, juntamente com outros profissionais envolvidos no processo recuperação da dependência química construirão uma prática que contribua para a ressignificação daquele sujeito, ou seja, auxiliar o adolescente a compreender e enfrentar a dependência, assim como suas conseqüências e a livrar-se da estigma de “drogado” ou “delinqüente” e ir em busca de um futuro melhor.

Para o trabalho com os adolescentes, utiliza-se entrevistas, observações e técnicas diversas, como a utilização das provas projetivas, sessões lúdicas, diagnóstico operatório, sessões de psicodrama entre outros.

É necessário desenvolver a autonomia dos adolescentes, resgatando sua identidade, proporcionando assim a possibilidade de autonomia frente à instituição e a sociedade, proporcionando um espaço de reflexão sobre as questões da adolescência.


Clarissa Paz de Menezes
Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote

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