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Anorexia nervosa na Infância e Adolescência

A anorexia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por uma perda de peso auto induzida, distúrbios psicológicos tais como características obsessivo-compulsivas, crenças irracionais e anormalidades fisiológicas. Ocorre restrição alimentar auto-imposta, padrão alimentar bizarro e acentuada perda de peso, que leva a seqüelas graves. Há a presença de um medo obsessivo e irracional de engordar e preocupação excessiva com peso, forma corporal e alimentação. É comum a presença de distorções da imagem corporal, em que a pessoa considera estar acima do peso, mesmo estando gravemente emagrecida. Outro diagnóstico muito encontrado é a ausência regular da menstruação (amenorréia).

Especificam-se dois tipos de anorexia nervosa:
– restritivo: prevalecem comportamentos voltados ao controle da ingestão alimentar, como refeições restritivas (ex.: alimentação com poucas calorias, de baixo teor de gordura e poucas proteínas), diminuição do número de refeições diárias, ou jejum, que pode ser de algumas horas ou períodos mais longos.
– bulímico: prevalecem comportamentos purgativos como vômitos, diarréia decorrente do abuso de laxantes; uso/abuso de inibidores do apetite e laxantes, prática de exercício excessivo voltado à perda de peso, além dos comportamentos restritivos que também podem estar presentes.

Algumas pessoas com anorexia nervosa podem alternar entre os dois subtipos em diferentes períodos de sua doença.

As conseqüências físicas são semelhantes as de um estado de desnutrição crônico. Quando acomete crianças ou adolescentes, interfere na curva de crescimento, levando a estaturas menores do que as esperadas, e atrasa ou até interrompe o desenvolvimento puberal.

O tratamento da anorexia nervosa envolve aspectos psicológicos e nutricionais. Deve-se fazer o paciente entender que o transtorno alimentar é um problema e não uma solução para os seus problemas. Em primeiro lugar, deve-se restaurar os hábitos alimentares e a saúde corporal e depois resolver questões psicológicas.

Em geral as pessoas com anorexia são relutantes em ganhar peso. Para incentivá-las é necessário o estabelecimento de uma relação de confiança entre o profissional da saúde e o paciente.

Durante todo o tratamento são fornecidas informações sobre a sua doença, os riscos que ele está correndo e a importância da recuperação.

Simone Hess
Nutricionista do Espaço Dom Quixote

A birra e os limites na infância



Diariamente ouvimos falar na dificuldade de pais e professores em gerenciarem limites em relação às crianças, principalmente diante da “birra dos pequeninos”. Alguns, movidos pela “culpa”, em função do pouco tempo reservado aos filhos, acabam por fazer concessões que podem desfavorecer o aprendizado de regras importantes. Muitos de nós acabamos confundindo afeto com excesso de permissividade.


A figura da autoridade dos pais e professores constitui-se em base importante para a introjeção de regras sociais e o limite estabelecido na infância é imprescindível para que o ser humano adquira capacidade de tolerância à frustração.


Em primeiro lugar, é necessário definir quais limites se deseja estabelecer, ou seja, o que “pode” e o que “não pode” ser feito, o que é preciso proibir, quais regras vale a pena estipular ou não. Uma vez estabelecidos quais limites respeitar (horário de dormir, das refeições, das saídas com amigos), é necessário explicitá-los por meio de uma conversa, deixando claras quais conseqüências se seguirão ao seu descumprimento. Qualquer limite deve ser o mais claro possível, de modo a eliminar qualquer ambigüidade, para que a criança compreenda o que pode e o que não pode.


É importante agir com firmeza e sem hesitação. Uma criança identifica quando um “não” pode ser um “talvez” e, nesse caso, não irá cumprir o estipulado. Pais e professores inseguros em suas decisões geram crianças que testam suas possibilidades. A palavra “consistência” é fundamental na aplicação de limites, pois quando se define que algo não pode ser feito, a regra não deve ser “furada” de acordo com o bom humor do responsável pela criança e novas regras não devem ser estipuladas baseadas no mau humor de quem as aplica. Os pais devem ser um modelo de comportamento para os filhos, não valendo o famoso: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.


As crianças não ficam infelizes com a imposição de limites; pelo contrário, sentem-se mais seguras! Pais que não toleram a frustração momentânea de seus filhos ensinam que deve-se obter tudo o que se deseja a qualquer custo e que qualquer sofrimento é intolerável. Uma regra não deve ser quebrada porque a criança teve alguma reação negativa, já que é natural que ela teste os limites e é função do adulto manter o que foi combinado anteriormente.


Os pequenos devem ser incentivados a cumprir acordos. Mais e melhor do que punir o inadequado, é reforçar o que é adequado com um gostoso elogio! Em caso de necessidade, vale a orientação de sempre: procure um profissional especializado para ajudá-lo!


Fabíola Scherer Cortezia

Psicóloga do Espaço Dom Quixote

Curso de sábado no Espaço Dom Quixote

Aula expositiva
Hora do coffe breack

Análise sensorial: que alimento será este?


Análise sensorial: hum, este aqui conhecemos de algum lugar...



Hora do vídeo

As nutricionistas do Espaço Dom Quixote, Débora Kilpp e Simone Hess, esclareceram muitas dúvidas na tarde de sábado, relacionadas a hábitos alimentares na infância. Professoras e mães participantes do curso "Desafios da Eduação Infantil" assitiram a vídeos sobre o assunto e participaram de brincadeiras como a análise sensorial, aprendendo formas divertidas e criativas de trabalhar os hábitos alimentares na infância. O grupo também contou com uma aula expositiva da fonoaudióloga Fernanda Kley pela manhã. O curso segue acontecendo e a próxima aula será com a Terapeuta ocupacional e psicomotricista Priscila Straatmann. Quem não participou desta vez, pode ficar atento que logo sairá a próxima edição deste mesmo curso, pois está sendo um sucesso!


Curso para Gestantes



DATA: 19 e 20 de janeiro de 2010
HORÁRIO: 18h30min às 21h30min
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:


- A responsabilidade de ser mãe;
- Parto e Pós-parto: dicas para facilitar a recuperação da recém-mamãe;
- Adaptação à chegada do bebê e aos novos papéis familiares;
- Desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo do bebê;
- Amamentação, dificuldades dos primeiros dias, necessidades básicas do bebê;
- Saúde da gestante e da lactante: alimentação, cuidados, atividades físicas;
- Higiene, banho, umbigo, troca de fraldas, sono, passeios, colo, rotinas do bebê.


INVESTIMENTO: R$ 100,00 com direito a trazer 1 acompanhante (pai, babá, avó, cuidador).
INSCRIÇÕES: até 23/12/09 pelo fone 3037.7167 ou no local.

Influência dos pais no estilo de vida e no excesso de peso dos jovens



Mudanças no estilo de vida têm afetado indivíduos de todas as faixas etárias, e atualmente nosso estilo de vida caracteriza-se pelo sedentarismo e por hábitos alimentares inadequados, com alta ingestão de alimentos pobres em nutrientes e ricos em gordura, açúcar e sódio. Tais condutas levam ao desenvolvimento das tão faladas Doenças Crônicas Não Transmissíveis, dentre as quais podemos citar: hipertensão (pressão alta), diabetes, doença renal crônica, doenças vasculares, dislipidemias (um nome um tanto assustador que designa simplesmente a alteração nos níveis de gordura no sangue, como por exemplo, o aumento nos níveis de colesterol ou triglicerídeos) e, é claro, a OBESIDADE.


Esta doença, de causas extremamente complexas, exige um longo e sério tratamento, não menos complexo do que as causas que a originaram. E é por este motivo, e por sua ampla progressão (que já não escolhe idade, sexo ou classe econômica), que a obesidade é atualmente considerada uma epidemia mundial.


O aumento nos índices de obesidade ocorre de maneira mais expressiva desde a década de 80 e, no Brasil, a prevalência da epidemia subiu de 2,9% em 1974/75 para 13,1% em 1996/97 entre jovens do sexo masculino, e de 5,3% para 14,8% entre jovens do sexo feminino¹. Ou seja, a prevalência de obesidade triplicou entre nossas crianças e adolescentes em apenas duas décadas!O aumento foi mais significativo nas áreas urbanas, algo facilmente compreensível pelo sedentarismo exacerbado, pela constante e massiva influência da mídia e também pelo acesso facilitado aos mais diversos tipos de tecnologia e também aos alimentos de consumo rápido (“fast food”), em geral de alto valor calórico.


Um recente artigo de revisão, escrito por Ferrari (2009)2, constatou que a prevalência de sobrepeso e obesidade em pré-escolares no Brasil varia de 3,3 a 3,6%; em escolares varia de 7,4 a 53,3% e nos adolescentes varia de 9% a 45,4%. Assustador, não?
Entretanto, é preciso que tenhamos bem claro que existem inúmeros agentes que influenciam no estilo de vida dos jovens, sendo que os principais são: os pais, a escola, o grupo de convívio social e a mídia. Oportunamente falaremos de cada um deles, mas hoje gostaria de mostrar como os filhos podem realmente ser um “reflexo” dos pais:


Em estudo recente (Petroski & Pelegrini, 2009)3, percebeu-se que as mães de adolescentes com alto percentual de gordura corporal possuíam maior IMC* e índices duas vezes maiores de sobrepeso do que as mães de adolescentes com baixo percentual de gordura corporal. Já os pais dos adolescentes com alto percentual de gordura apresentaram prevalência duas vezes maior de excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) do que os pais dos jovens com gordura corporal baixa. Estudos anteriores já demonstraram haver relação entre o IMC dos pais e o IMC dos filhos, bem como o aumento de chances de o/a filho/a desenvolver sobrepeso/obesidade caso possua um ou os dois pais com excesso de peso.4,5,6 Ou seja, é perceptível a influência dos hábitos de vida dos pais, bem como a constituição física que deles resulta, na composição corporal e no ganho excessivo de peso dos filhos.


Isso demonstra claramente a importância de se buscar orientações e educação alimentar adequada desde a faixa etária mais precoce, de modo que a criança ou jovem atinja todo o seu potencial de crescimento e desenvolvimento, sofrendo o mínimo possível com os eventuais impactos negativos que agentes externos possam lhe causar. É de extrema relevância também que os pais participem do tratamento do jovem, contribuindo no maior entendimento das causas/da origem do distúrbio, e que modifiquem seus hábitos junto com os filhos, de modo que a mudança de estilo de vida e a melhora da qualidade de vida ocorra para toda a família.


*O Índice de Massa Corporal estabelece uma razão entre o peso e a altura da pessoa. É calculado dividindo-se o peso (em kg) da pessoa pela altura (em metros) e novamente pela altura (em metros). Valor de IMC maior de 25 kg/m² indica sobrepeso e maior de 30 kg/m² indica obesidade.


Débora Kilpp
Nutricionista do Espaço Dom Quixote



Referências bibliográficas:
1 – WANG, Y; MONTEIRO, C; POPKIN, B. Trends of obesity and underweight in older children and adolescents in the United States, Brazil, China, and Russia. Am J Clin Nutr 2002;75:971–7.
2 – FERRARI, HG. Panorama da obesidade em crianças e adolescentes brasileiros: revisão dos últimos 10 anos. Pediatria (São Paulo) 2009; 31(1):58-70.
3 - PETROSKI EL, PELEGRINI, A. Associação entre o estilo de vida dos pais e a composição corporal dos filhos adolescentes. Rev Paul Pediatr 2009;27(1):48-52.
4 - LI et al. Intergenerational influences on childhood body mass index: the
effect of parental body mass index trajectories. Am J Clin Nutr 2009;89:551–7.
5- BEHRMAN, RI; KLIEGMAN, R. Nelson Princípios de Pediatria. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ganabara Koogan S.A., 1994.
6 - RAMOS, AMPP; FILHO, AAB. Prevalência da obesidade em adolescentes de Bragança Paulista e sua relação com a obesidade dos pais. Arq Bras Endocrinol Metab (São Paulo), 2003; 47(6):663-668.

Bullying – Brincadeiras que machucam a alma



Todos os dias, alunos no mundo inteiro sofrem com um tipo de violência que vem mascarada na forma de brincadeira: risadinhas, empurrões, fofocas, apelidos maldosos, etc. Todo mundo já testemunhou uma dessas “brincadeirinhas” ou foi vítima delas, que recebe o nome de bullying (“bully”, quer dizer brigão, tirano). São atitudes agressivas intencionais e repetitivas com o desejo de maltratar uma pessoa e colocá-la sob tensão.

Uma criança que sofre bullying na escola tenderá a sentimentos negativos com possibilidade de tornar-se um adulto com problemas de relacionamento, tomado de um comportamento agressivo, continuar sofrendo ou começar a praticar o mesmo para tentar se defender.
Os efeitos do bullying incluem ansiedade, resistência ou mal-estar na hora de ir à escola, baixo rendimento escolar, opiniões depreciativas sobre si, roupas ou cadernos danificados, isolamento, pesadelos, pânico, agressividade, queixas orgânicas e outros.

É uma questão social e educacional de relações de poder. Interfere na autoestima, e qualquer um com características específicas (timidez, insegurança, diferenças físicas, culturais ou raciais) tornam-se alvos facilmente.

Não são poucas as vítimas do bullying que, por medo ou vergonha, sofrem em silêncio. Além de haver alguns casos com desfechos trágicos, esse tipo de prática também está preocupando por atingir faixas etárias cada vez mais baixas, como crianças dos primeiros anos da escolarização.

Trata-se de uma forma de ataque perversa que extrapola os muros da escola e pode deixar seqüelas para a vida adulta. Os autores dessa prática podem adotar comportamentos de risco, desrespeito aos professores, desinteresse pelos estudos, abuso de álcool e drogas, porte de armas, atitudes criminosas e acabar tornando-se adultos violentos.

Não existem escolas sem bullying. Reconhece-se – os alvos, os autores e as testemunhas, sendo que estas geralmente não denunciam os autores nem defendem os alvos, ficando muitas vezes do lado do autor ou neutros.

Para quem é vítima de algum desses tipos de humilhação, a saída é “se abrir”, ou seja, procurar ajuda, começando pelos próprios pais. E quem tem um filho passando por esse problema precisa mostrar-se disponível para ouvi-lo. Nunca se deve aconselhá-lo a revidar a agressão; mas, sim, esclarecer que ele não é culpado pelo que está acontecendo, pois é uma questão de respeito às diferenças individuais que se aprende em família.



Andréa de Espíndola
Psicóloga e psicomotricista do Espaço Dom Quixote

A comunicação na infância



A comunicação é uma característica humana que pode ser observada ao longo de toda a vida e que ocorre principalmente através da capacidade de falar, ouvir, ler e escrever. A linguagem é uma habilidade imprescindível para que a comunicação ocorra e permite que o homem se comunique e se integre social e culturalmente. Porém há situações em que a comunicação é prejudicada em função de uma alteração na linguagem.

Na infância, essas alterações geralmente estão relacionadas a um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Nestes casos, verifica-se que a criança demora mais para começar a falar, fala pouco, apresenta um vocabulário reduzido ou constrói apenas frases curtas e simples. Este quadro pode estar ligado a aspectos neurológicos e psiquiátricos, como nos casos de síndrome de Down, paralisia cerebral e autismo, entre outros.

É considerado adequado que, por volta dos 12 meses (1 ano), a criança inicie a produção das primeiras palavras e, até os 18 meses (1 ano e 6 meses), tenha um vocabulário de cerca de 50 palavras. Em casos de alteração de linguagem, pode haver um atraso nesta aquisição, o que serve de alerta para pais, professores e pediatras que ao perceberem algum atraso ou alteração na linguagem oral devem procurar atendimento especializado para a criança, pois a estimulação da linguagem é essencial nestes casos.

O tratamento é realizado por um fonoaudiólogo e deve ser iniciado o quanto antes, aproveitando-se o período de desenvolvimento lingüístico, possibilitando que a criança desenvolva a sua linguagem, tanto a compreensão como a expressão, e melhore suas habilidades para uma comunicação eficiente, podendo expor suas opiniões e vontades.
Fernanda Helena Kley
Fonoaudióloga do Espaço Dom Quixote